Dólar sobe 1,95% e fecha no patamar de R$3,75 por apreensão fiscal

A alta foi movida por preocupações com as contas públicas do Brasil e com o risco de o País perder o selo internacional de bom pagador

Escrito por Reuters ,
O dólar fechou em alta de quase 2% nesta quarta-feira (2), com valorização pela quarta sessão consecutiva, e foi ao patamar de R$ 3,75 pela primeira vez desde o fim de 2002, pressionado por preocupações com as contas públicas do Brasil e com o risco de o País perder o selo internacional de bom pagador.
 
A moeda norte-americana avançou 1,95%, a R$ 3,7598 na venda, maior nível desde 12 de dezembro de 2002 (R$ 3,785). Na máxima da sessão, a moeda divisa atingiu R$ 3,7738, maior patamar intradia desde 13 de dezembro de 2002 (R$ 3,7750). No acumulado do ano até agora, o dólar tem alta de 41,41% sobre o real.
 
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"Tanto na política quanto na economia, a situação está muito difícil. É provável que o dólar suba ainda mais", afirmou o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que espera que a moeda norte-americana se aproxime de R$ 4 nas próximas semanas.
 
Na segunda-feira (31), o governo enviou ao Congresso proposta de Orçamento de 2016 prevendo gastos maiores do que receitas. Operadores entenderam que a decisão aumenta a chance de o Brasil perder seu grau de investimento nos próximos meses, o que pode provocar fuga de capitais do País.
 
Em consequência, investidores acabam vendendo ativos denominados em reais, pressionando o câmbio. Esse movimento resistiu mesmo à queda do dólar em relação a outras moedas emergentes nesta sessão, um respiro após fortes altas recentes provocadas por preocupações com a economia chinesa.
 
A atuação do Banco Central também tem sido um foco importante para o mercado, que questiona se pode aumentar sua intervenção no câmbio para desacelerar o avanço da moeda norte-americana. Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados.
 
"A questão é que o BC não vai usar armas poderosas demais, como leilões (de dólares) no mercado à vista, porque aí a sinalização vai fazer o mercado testar a disposição dele (de intervir cada vez mais)", afirmou o operador de um importante banco nacional. "Mas, por outro lado, os leilões de linha não têm grande impacto no mercado e ele já está rolando totalmente o lote de swaps", acrescentou.
 
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 915 milhões, ou cerca de 10% do total de US$ 9,458 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
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