Brasil é o emergente com maior risco de rebaixamento, dizem analistas

Após mudança na perspectiva do rating brasileiro para "negativa" pela S&P, aumentou o risco da perda do grau de investimento do País

Escrito por Estadão Conteúdo ,

A mudança na perspectiva do rating brasileiro para "negativa" pela Standard & Poor’s aumentou a aposta entre analistas estrangeiros de que o Brasil pode ser o primeiro entre os principais países emergentes a perder a classificação de grau de investimento nos próximos dois anos. Além do Brasil, analistas dizem que estão na berlinda África do Sul, Indonésia e Turquia. A Rússia já perdeu o selo de bom pagador.

Economistas estrangeiros dizem que a situação do Brasil é mais delicada. Nesta terça-feira (28), a analista da S&P responsável por Brasil, Lisa Schineller, foi questionada durante teleconferência por analistas de bancos internacionais sobre como avalia a situação da economia brasileira comparada à de outros emergentes. Lisa disse que o Brasil tem apresentado, nos últimos anos, uma dinâmica pior de crescimento que seus pares e o desempenho da atividade econômica é um fator avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. 

Além disso, as contas externas ainda estão ruins e o Brasil tem de lidar com os reflexos das investigações de corrupção na Petrobras, que vêm afetando o setor privado, o ambiente político e a atividade econômica. Como ponto positivo, na comparação com outros países emergentes, a analista destaca que o Brasil tem reservas internacionais robustas.

Entre os analistas, a percepção de que o País pode ser rebaixado vem crescendo desde a semana passada, quando foram anunciadas as revisões nas metas fiscais. "Os problemas financeiros e econômicos no Brasil continuam a crescer. Aumentou o risco da perda do grau de investimento do País após a decisão da S&P", avaliou na terça-feira o ex-sócio da gestora Pimco e hoje conselheiro econômico global do grupo Allianz, Mohamed El-Erian.

Uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch, que ouviu gestores em todo mundo que investem em países emergentes, aponta o Brasil como o emergente mais provável de perder o grau de investimento, na comparação com África do Sul, Turquia e Indonésia: 65% dos investidores ouvidos acreditam que isso pode ocorrer nos próximos dois anos. A pesquisa do banco americano foi feita antes de a S&P anunciar a revisão da perspectiva do rating, mas os analistas já apontavam que esse porcentual pode aumentar nos próximos dias.

"A expectativa de rebaixamento do Brasil cresceu e deve continuar subindo", afirma um relatório do BoFA. Nos outros emergentes, os porcentuais da pesquisa são menores que o Brasil. Para a África do Sul, 55% dos investidores acreditam na perda da classificação nos próximos dois anos, para a Turquia o porcentual é de 50% e para a Indonésia, ao redor de 20%. Entre os grandes emergentes, a Rússia já perdeu o grau de investimento após a crise geopolítica, queda do petróleo e sanções internacionais.

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