Após derrota no Congresso, Pepe Vargas procura Renan

Apesar da tensão entre os dois poderes, Pepe minimizou a situação e disse que a decisão de Renan deixou clara a importância de o governo discutir e ouvir o Congresso

Escrito por Folhapress ,

Responsável pela articulação política do governo com o Congresso, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) na tarde desta quarta-feira (4) para tentar se reaproximar do peemedebista e ajustar as relações entre o governo e o Legislativo.

Nesta terça (3), Renan impôs duas duras derrotas ao governo ao devolver ao Planalto a medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores e ao adiar a sessão conjunta do Congresso que poderia votar o Orçamento da União para 2015.

Apesar da tensão entre os dois poderes, Pepe minimizou a situação e disse que a decisão de Renan deixou clara a importância de o governo discutir e ouvir o Congresso antes de enviar qualquer medida ou proposta de lei.

"Obviamente que o presidente Renan, com esta sinalização, quis deixar claro e isso ele diz também, que é importante que o governo discuta mais as propostas antes de encaminha-las e inclusive chame os partidos da base para discuti-las antes de encaminhá-las", disse.

Questionado se sua visita ao Senado tinha o objetivo de também distensionar a relação com Renan, Pepe disse apenas que o peemedebista "sempre foi uma pessoa cordata". "Ele nunca deixa de atender a um telefone da gente, ele liga também. Acho que não se trata de uma tensão mas de um aprimoramento de relação", disse.

Ao chegar ao Senado, Pepe teve que esperar por mais de meia hora a chegada de Renan. O encontro entre os dois não estava na agenda de nenhum deles e foi decidida em cima da hora.

No início da semana, Renan se recusou a participar do jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff à cúpula do PMDB. O senador argumentou que, como presidente do Congresso, ele deveria colocar a instituição acima da condição partidária.

O ministro afirmou ainda que Renan também pediu que o governo envie rapidamente ao Congresso uma proposta de reajuste na tabela do Imposto de Renda, mas ressaltou que qualquer proposta seja negociada com os parlamentares antes.

"Ele mostrou a sua visão de que seria importante o governo encontrar uma saída negociada em torno do veto do Imposto de Renda, de construir uma alternativa negociada com as duas casas e nós vamos trabalhar nos próximos dias para ver o que é possível nesse sentido", disse.

O governo insiste em manter o reajuste em 4,5% porque, segundo a presidente Dilma Rousseff, não há recursos para uma mudança maior. No entanto, um veto da presidente a um reajuste de 6,5% está na pauta do plenário do Congresso e pode ser analisado pelos congressistas ainda neste mês. A tendência é de que ele seja derrubado e alíquota maior entre em vigor.

No ano passado, o Congresso aprovou um reajuste maior, de 6,5%, valor mais compatível com a inflação calculada em 2014, de 6,41%. No entanto, Dilma vetou a medida em 20 de janeiro com o argumento de que a proposta levaria à renúncia fiscal na ordem de R$ 7 bilhões. A presidente se comprometeu a enviar uma nova proposta ao Congresso, mas ainda não a fez.

Apesar da tensão entre os dois poderes, Pepe afirmou, ao fim da reunião, que discutiu com o peemedebista a agenda futura do Congresso, priorizando a votação do orçamento para este ano. "Temos interesse de que se vote logo a lei orçamentária para que a execução orçamentária possa entrar em uma normalidade maior e ao mesmo tempo discutir o encaminhamento dos vetos", disse.

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