Agência de classificação tem perspectiva negativa para setor bancário no Brasil

Essa visão se arrasta desde dezembro de 2013 e tem como pano de fundo o encarecimento do custo operacional por conta do aumento da inflação

Escrito por Redação ,

A perspectiva da agência de classificação de risco Fitch Ratings para o setor bancário no Brasil é negativa, de acordo com Cláudio Galina, responsável por instituições financeiras no Brasil da Fitch Ratings. Essa visão se arrasta, conforme ele, desde dezembro de 2013 e tem como pano de fundo o encarecimento do custo operacional por conta do aumento da inflação, mas também do financeiro em meio à elevação dos juros e o impacto na inadimplência e nas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, fora os reflexos da Operação Lava Jato, que contribuiu para o aumento de pedidos de recuperações judiciais.

"A visão para o setor brasileiro continua negativa e para mudar depende de uma agenda macro mais forte. O Produto Interno Bruto (PIB) e as taxas de desemprego ainda não convergiram para um patamar que justifique mudança de perspectiva por parte da Fitch. São necessários fundamentos mais claros", avaliou Raphael Nascimento, analista da Fitch, em evento da agência sobre instituições financeiras.

De acordo com ele, este ano, assim como 2015, está sendo difícil principalmente, sob o ponto de vista de provisões que tiveram de ser elevadas em meio ao aumento de pedidos de recuperação judicial por parte das empresas. A Fitch espera, segundo ele, que o índice de inadimplência no Brasil encerre o ano em 4,2% e em 2017 chegue a 4,8%.

Nascimento lembrou ainda que o cenário atual no Brasil levou ao aumento de renegociações e reestruturações de dívidas que bateram recorde, levantando uma discussão se isso mascara ou não o endividamento e a qualidade de ativos dos bancos.

Segundo Galina, apesar da resiliência que o setor bancário tem mostrado a despeito da crise no País, entre 85% e 87% dos bancos acompanhados pela Fitch têm perspectiva negativa. "Isso não significa que os bancos, o sistema financeiro corra risco sistêmico", acrescentou. 

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