Negócios com a China somam mais de US$ 53 bi
Presidente Dilma assinou 35 acordos em diversas áreas estratégicas para o desenvolvimento
Brasília. A presidente Dilma Rousseff recebeu ontem no Palácio do Planalto o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e assinou 35 acordos bilaterais nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras, no valor de mais de US$ 53 bilhões, de acordo com o governo brasileiro. Dilma viajará à China em 2016 para estreitar ainda mais o relacionamento entre os países.
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O Palácio do Planalto vai apostar nos negócios com a China para evitar uma "paralisia do governo" com o corte do Orçamento de 2015, que deve ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.
Uma das principais apostas do acordo é a Ferrovia Transoceânica, que ligará Brasil e Peru. Em seu discurso durante a assinatura dos atos, Dilma se mostrou animada com a megaferrovia. "Um novo caminho para a Ásia se abrirá pelo Brasil", afirmou. No entanto, o projeto está longe de sair do papel e o custo não está definido - projeções variam de US$ 5 a US$ 12 bilhões.
Foram assinados ainda acordos para desenvolvimento de um satélite de sensoriamento remoto, cooperação esportiva nas modalidades de tênis e badminton, instalação de um complexo siderúrgico no Maranhão, entre outros não detalhados.
11 parques eólicos
Já para a reunião de hoje (20), no Palácio do Planalto deve assinar um acordo de conclusão de transferência de ações da EDPR (Brasil) para o Grupo de Três Gargantas sobre projeto de energia eólica de 321MW. Conforme o documento, o acordo inclui 11 projetos de parques eólicos, concluídos ou em construção, localizados nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Dona da maior hidrelétrica do mundo, o grupo China Three Gorges reafirmou hoje seu interesse em construir a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, usina estimada em mais de R$ 30 bilhões que o governo quer erguer na Amazônia.
Durante a Cúpula Empresarial Brasil-China, Zhu Guangchao, executivo que representa a China Three Gorges, lembrou que a companhia já assinou um "acordo de cooperação estratégica", no ano passado, com a Furnas, para construir a hidrelétrica na região de Itaituba, no Pará.
Carne liberada
Outra negociação entre os dois países deu fim ao embargo à carne bovina brasileira. A ministra Kátia Abreu fechou um acordo para que ainda sejam abertos também os negócios, com a autorização de plantas frigoríficas que possam vender carne para o país asiático. O acordo prevê que oito plantas de carne bovina sejam reabertas imediatamente e que outras 17 sejam habilitadas no futuro. O acordo desta terça prevê também a reabilitação imediata de uma planta de aves que havia sido suspensa em 2012 em função de divergências sobre o corte do produto. Cada uma das 26 plantas, contando a de aves, tem potencial para gerar US$ 20 milhões em negócios por ano, o equivalente a US$ 520 milhões no total. "Estamos negociando transgênicos. Eles querem regras próprias para produção de transgênicos", afirmou a ministra. Ela disse que está se negociando um acordo de cooperação entre a Embrapa e os chineses para isso.