Negociações de estaleiro em Camocim param

As conversações entre representantes da empresa alemã e do governo Estadual estão paradas há seis meses

Escrito por Redação ,
Legenda: Com investimentos anunciados de 350 milhões de euros, o empreendimento prevê a construção e reparos de grandes navios

Os impactos da crise política e econômica e as indefinições quanto a nova política de incentivos fiscais dos estados, proposta pelo Ministério da Fazenda, já começam a travar investimentos estrangeiros no Ceará, até mesmo projetos com protocolo de intenções assinados em passado recente. O Estaleiro alemão Nordic Yards, previsto para ser implantado no litoral de Camocim, no Norte do Estado, para construção e reparo de navios, está com as negociações paralisadas, aguardando "ventos" melhores da economia.

"A discussão, as negociações perderam força. Os empresários (investidores) estão aguardando para ver como termina tudo isso" (a crise), revela o economista e deputado estadual, Sérgio Aguiar, um dos mediadores das negociações do estaleiro. O investimento financeiro anunciado para o empreendimento é de 350 milhões de euros.

Para Aguiar, o estaleiro é um empreendimento de grande importância econômica e social, não apenas para Camocim - cidade que ancorou o primeiro porto do Ceará -, bem como para o Estado. Conforme avalia, é a possibilidade que o Ceará tem de criar um novo modelo de negócio, a partir da indústria naval, ainda muito tímida no Estado. "A nossa expectativa é poder virar essa página (a crise) neste ano", espera o parlamentar. Para ele, este não é o único projeto caminhando em ritmo lento no Estado. "Com a crise, os empresários estão muito cautelosos. Projetos futuros estão sendo adiados", lamenta Aguiar.

Burocracia

Para empresários próximos ao empreendimento, a crise está atrapalhando, mas a burocracia estadual e federal também estaria criando empecilhos para que o projeto volte a avançar de "vento em popa". Ele cobra a realização de estudos de batimetria, dos ventos, da área do canal de entrada do rio, além da concessão de incentivos fiscais municipais e estaduais, dentre outros benefícios que teriam sido acordados, para que o empreendimento aportasse em Camocim.

Protocolo de intenções

Compromissos que, segundo o empresário, foram acertados em dezembro último, durante solenidade de assinatura do protocolo de intenções entre os investidores da Nordic Yards, a Adece (Agência de Desenvolvimento do Ceará) e a Prefeitura de Camocim. "Até agora nada foi feito", lamentou o empresário, pedindo para não ser identificado.

No documento, a empresa afirma que a operação da unidade fabril irá criar 2.500 empregos diretos e dez mil indiretos. Em contrapartida pleiteia junto à prefeitura de Camocim a isenção do IPTU por 20 anos, do ITBI, do ISS (Imposto sobre Serviços) na obra de construção civil, além da doação do terreno, e a execução, por parte do município, da infraestrutura de terraplenagem, de acesso (incluindo ferroviário), e ainda apoio na formação de mão de obra, entre outros incentivos.

Seis meses sem contato

A secretária estadual de Desenvolvimento Econômico (SEDE), Nicolle Barbosa, confirma que, nos últimos seis meses, não houve mais contatos entre agentes do governo e da Nordic Yards e vice-versa. "Eles estão em silêncio", confirmou a secretária. Ressalta, no entanto, que no âmbito da SDE não há burocracia emperrando projetos.

"Não há burocracia, não. Estamos cada vez mais aprimorando os ambientes de negócios no Estado", rebate a secretária. A reportagem buscou representantes do estaleiro alemão, mas não obteve retorno.

Carlos Eugênio
Repórter

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