Natal deve ter mais frango e menos peru

O encarecimento dos produtos e a diminuição do poder aquisitivo da população devem impor mudanças neste ano

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Como o aumento do preço das aves está mais baixo que a inflação, consumidores terão a chance de comprar produtos mais baratos

Apesar de ser o protagonista da ceia de Natal de muitos brasileiros, o peru deverá perder espaço para o frango nas comemorações deste ano. É o que mostra o estudo realizado pela Dunnhumby, consultoria especializada em ciência do consumidor. Conforme a pesquisa, pelo menos a metade dos consumidores do País cogita mudar o cardápio da ceia para economizar.

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O levantamento revela ainda que 42% dos entrevistados consideram o fator financeiro para a troca e 44% dizem não fazer questão do peru na ceia, tendo sido ouvidos 450 pessoas em todo o País, entre 6 a 10 de novembro. O resultado fez com que o Grupo Pão de Açúcar, parceiro varejista da Dunnhumby no Brasil, aumentasse em 20% o volume adquirido de aves mais baratas, apostando principalmente no consumo da classe C.

Tendência

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) já havia apontado a tendência na Pesquisa Natal 2015, com previsão de queda real das vendas do peru em relação a igual período do ano passado, já acumulando decréscimo real de 1,1% em 2015. Mesmo assim, o aumento das venda de frangos no período natalino não deve ser tão significativo: no ano, o crescimento real da venda do produto foi de apenas 0,3%.

Preço melhor

Segundo Marco Filho, vice-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), é esperada uma queda de no mínimo 3% nas vendas em relação ao Natal do ano passado. No entanto, ele ressalta que o consumidor terá mais chances de comprar aves mais baratas em 2015. "Como a inflação está beirando os 10% e o aumento do preço do frango está em cerca de 3%, isso vai fazer com que os preços sejam mais baixos", afirma.

Frangos maiores

Ele lembra que as linhas especiais de frangos maiores, modificados, já eram um pouco mais baratos que o peru e já vinham tomando uma parcela maior do mercado em anos anteriores. "Hoje em dia, até já se vendem mais esses frangos especiais mais do que o peru. Acredito que as ofertas ajudarão as vendas a não caírem tanto nesse período", pontuou o vice-presidente.

Ele sugere aos consumidores que antecipem as compras em alguns dias para evitar grandes filas. "Normalmente, os supermercados adiantam nos dias 18 a 22 as ofertas dos dias 23 e 24. Para comprar com mais tranquilidade, é melhor se antecipar. Muita gente está deixando para comprar em cima da hora, o que gera dificuldades no atendimento e falta de produtos", alertou.

Avicultura

Para o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis, embora a tendência de troca do peru pelo frango realmente exista, não é esperado um aumento vultoso na venda de aves neste Natal.

"Acredito que essa troca seja mais uma queda no consumo do peru por pessoas com menos condições financeiras do que, propriamente, maior procura pelo frango", pontuou, ressaltando que o preço do frango não deve aumentar. Segundo Reis, o mercado de aves em 2015 no Ceará foi equilibrado, sem quedas ou crescimentos significativos.

Ele lembra, entretanto, que era esperada uma maior procura pelo frango por conta do aumento do preço das carnes vermelhas, mas não aconteceu. "Houve, no máximo, um aumento de (consumo de) 2Kg per capita. Apesar do preço do frango ter se mantido, a expectativa não se confirmou", detalhou.

Segundo informou, o valor do frango poderia ser ainda menor não fosse o preço da ração animal paga pelos produtores no Nordeste. "Além da seca, que tem afetado bastante as granjas, os insumos que foram produzidos no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia foi muito voltado à exportação e a oferta foi pouca para o mercado interno. Nossos insumos chegam a ser 50% mais caros que os da região centro sul", lamentou.

As perspectivas para o próximo ano, de acordo com o presidente, não são as melhores. A ideia é que, pelo menos, o mercado permaneça estável. "Praticamente não tivemos crise neste ano na avicultura, não houve demissões. A expectativa é que, pelo menos, no próximo ano nos mantenhamos do mesmo jeito".

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