Na ponta do lápis: Diário mostra como vivem famílias do Ceará

Até o fim do ano, será acompanhada a rotina financeira de três grupos de diferentes classes sociais: A, C e D

Escrito por Redação ,

Os ajustes econômicos que o governo brasileiro começou a fazer neste ano no intuito de retomar o crescimento do País terão impactos diretos no orçamento das famílias. Com arrocho fiscal, aumento nos preços dos combustíveis e de tarifas públicas, os trabalhadores terão de "pisar no freio" para evitar dívidas desnecessárias e não passar aperto financeiro em 2015.

Além de querer cortar gastos públicos a fim de gerar mais receita, o governo está alterando impostos para aumentar a capacidade de investimento. Os consumidores brasileiros, que já suportam uma das maiores cargas tributárias do mundo, levarão sobre as costas um fardo de impostos ainda mais pesado para que o Brasil retome o crescimento.

Considerando as mudanças previstas para a economia, como as famílias brasileiras devem se portar para não cair no descontrole financeiro, equilibrando os gastos fixos com a renda mensal e ainda fazer o dinheiro render para atingir metas ligadas ao consumo de bens e serviços? Será que o aumento de impostos e juros poderá atrapalhar a realização de sonhos como comprar uma casa, um carro, fazer uma viagem ou reformar o lar?

Série de reportagens

Na tentativa de responder a essas e outras perguntas, O Diário do Nordeste começa hoje a série de reportagens "Vida e Finanças", que se estenderá até dezembro deste ano. Será acompanhada a rotina de três famílias, sendo uma da classe A, uma da C e outra da D, de acordo com a classificação do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

São consideradas de classe A famílias com renda acima de R$ 9.754; C (R$1.734 a R$7.475); D (R$1.085 a R$1.734 ). Há, ainda, faixas de renda para famílias de classe B (R$7.475 a R$9.745) e E (R$ 0 a R$1.085).

As reportagens serão publicadas ao fim de cada mês e, além de mostrar a realidade financeira das famílias e como cada uma lida com o consumo, contarão mensalmente com análises, opiniões e dicas de especialistas sobre finanças pessoais.

Comprar ou não comprar?

"Não há como escapar do aumento dos preços neste ano. Combustíveis, energia elétrica e transporte público, além de outros produtos e serviços, vão ficar mais caros. E todos esses preços devem subir acima da inflação. Não fazer novas dívidas é a regra básica para quem não quer enfrentar dificuldades financeiras neste ano de ajustes", diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, empresa líder na América Latina em serviços de informação.

Momento de economizar

Diante do arrocho fiscal, Rabi destaca que não é hora de o trabalhador gastar dinheiro com produtos ou serviços que não sejam de primeira necessidade. Segundo ele, o momento é de economizar ainda mais para diminuir o nível de endividamento e, consequentemente, o risco de inadimplência.

"O Brasil não está vivendo o melhor momento econômico para quem deseja comprar ou trocar de carro, comprar uma geladeira mais moderna ou um celular de última geração. É preciso esperar esse momento de ajustes passar", analisa o economista.

Consumidores de todas as classes sociais devem ficar atentos aos reflexos das mudanças econômicas, mas as pessoas ligadas aos níveis C, D e E precisam ter atenção redobrada. "Precisamos lembrar que os trabalhadores dessas classes geralmente não têm uma reserva financeira. Quando têm, é muito pouco", diz.

Emprego

Além da diminuição da renda disponível das famílias por conta de ajustes econômicos, Rabi fala sobre uma possível queda no emprego no Brasil. Isso porque as alterações na economia também podem forçar empresários a cortar despesas. "Quanto menos os consumidores gastarem com bens duráveis, semiduráveis e serviços, melhor".

Raone Saraiva
Repórter

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