Moody's rebaixa rating da JBS; ações despencam 44%

Escrito por Redação ,
Legenda: Papéis da empresa terminaram o pregão dessa segunda-feira cotados em cerca de R$ 5,98
Foto: Foto: Lucas Tavares

Brasília. A agência de classificação de risco Moody's rebaixou e colocou em revisão os ratings da empresa JBS. O grupo brasileiro, maior companhia de carne bovina do mundo, é um dos protagonistas da crise política no País desde a semana passada, quando vieram à tona os detalhes de delação premiada feita por seus fundadores, os irmãos Joesley e Wesley Batista.

Foram rebaixados em um nível, e colocados sob análise para novo rebaixamento, os ratings da JBS S.A e da sua subsidiária, a JBS USA. "A ação se segue à confirmação pela JBS S.A. De que sete executivos da companhia e sua controladora, a J&F investimentos, entraram em um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República devido a alegações de corrupção", afirma a Moody's em comunicado. Segundo a agência, o rebaixamento deve-se ao "aumento de riscos" relacionados à possibilidade de futuras ações judiciais e problemas de governança e liquidez da empresa. A Moody's diz ter "visibilidade limitada" quanto à possibilidade de concretização desses prognósticos.

A nota informa que a agência de classificação risco vai se concentrar na obtenção de mais detalhes sobre a delação e sobre investigações criminais em curso. "Se a liquidez se deteriorar em função desses desdobramentos, a Moody's pode adotar ações adicionais em relação ao ratings antes da conclusão desse processo de análise", ressalta.

Perda de R$ 9,6 bilhões

No pregão de ontem, as ações da JBS lideraram as perdas do dia, com queda de 31,34%, a R$ 5,98. Nos últimos cinco dias, os papéis da multinacional brasileira despencaram 44%. Em valor de mercado, a perda foi de R$ 7,4 bilhões somente na segunda (22). Desde que eclodiu a crise política, na semana passada, a empresa já perdeu cerca de R$ 9,6 bilhões. Os dados são da empresa Economatica.

A queda dos papéis da JBS reflete uma série de notícias envolvendo a empresa, como o impasse entre as negociações do acordo de leniência. A empresa recusou na última sexta-feira a proposta do Ministério Público que previa uma multa de R$ 11 bilhões. As negociações para fechar o acordo foram retomadas ontem, mas o valor da multa ainda é incerto, trazendo preocupações ao mercado.

Investidores

Na tentativa de minimizar os danos da delação, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participou ontem de teleconferência com investidores organizada pelo banco JPMorgan. Está prevista outra reunião à distância com investidores esta tarde, organizada pela inglesa ICAP.

O Brasil, até o momento, não sofreu rebaixamento por agências de classificação de risco por causa da nova crise política. Na sexta-feira (19), a Fitch manteve a nota de crédito do País, com perspectiva negativa.

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