Modelo no setor agropecuário espera crescer 50% neste ano

No Ceará, número de cooperativas do setor ainda é tímido. São 13 no total, mas a ideia é ampliar com parcerias

Escrito por Redação ,
Legenda: Atualmente, as organizações reúnem em torno de 2,5 mil cooperados e atuam em todas as regiões do Ceará
Foto: Foto: Honório Barbosa

Responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, a agricultura familiar ocupa papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro. A atividade é uma das mais representativas do País para o cooperativismo. No Ceará, a expectativa é que a produção das cooperativas ligadas ao setor cresça em até 50% neste ano frente a 2016.

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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 50% do que é produzido em território nacional vêm de associados a cooperativas agropecuárias, que estão presentes em todos os estados, mas têm maior representatividade nas regiões Sul e Sudeste.

No Brasil, são mais de 1,5 mil cooperativas, reunindo cerca de 1 milhão de associados e gerando 188,7 empregos diretos. No Estado, embora a agricultura familiar tenha importante participação na alimentação do cearense, o número de cooperativas agropecuárias ainda é tímido. São 13 no total, mas a ideia é ampliar o número a partir de novas parcerias com foco na geração de mais emprego e renda.

Nos últimos cinco anos, devido às secas consecutivas na região Nordeste, a produção agrícola das cooperativas cearenses foi impactada. Atualmente, as organizações reúnem em torno de 2,5 mil cooperados (sócios) e atuam em todas as regiões do Ceará. Dependendo do porte da cooperativa, a movimentação financeira anual vai de R$ 200 mil a R$ 1 milhão.

Reorganização

"Estamos reforçando nosso trabalho para alcançarmos maior controle, aprimorar a gestão e ampliar a comercialização conjunta dos produtos. Hoje, trabalhamos na parte alimentar, na criação de pequenos animais e na fruticultura", explica o coordenador agropecuário do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Ceará (Sescoop-CE), Francisco Alves Queiroz.

Os principais clientes das cooperativas cearenses são o governo estadual e prefeituras municipais, que compram 30% dos alimentos produzidos pelas organizações. Novas negociações visam ampliar as vendas das mercadorias, atendendo ao Exército, Marinha Aeronáutica e restaurantes universitários, além de ampliar pontos de comercialização direta e indireta.

A criação de mais pontos de venda direta, destaca Queiroz, contribuirá para fortalecer o relacionamento entre produtor e consumidor final, fazendo que o produto chegue com preços ainda mais acessíveis.

"Nos últimos cinco anos, não conseguimos crescer por causa da seca. Nosso volume de produção ainda não é grande, mas esperamos crescer até 50% neste ano por conta das chuvas. Com isso, podemos ampliar nossas parcerias a atender às demandas necessárias", observa.

Opinião do Especialista

Nova legislação pode prejudicar as atividades

O cooperativismo pode vir a ser prejudicado com a lei da terceirização para todas as atividades das empresas, abrindo brechas para a precarização do trabalho e desviando a verdadeira função dessas organizações. O projeto de lei 4.302/1998 foi aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pelo presidente Michel Temer no fim do mês passado. Com a mudança na legislação, as empresas poderão recorrer a cooperativas a fim de contratar mão de obra mais barata, como já ocorre em algumas atividades-meio no País. Existem exemplos hoje de acordos com cooperativas para utilizar a força de trabalho dos integrantes, mas isso não é cooperativismo, é uma ameaça a essas organizações.

Quanto ao "cooperativismo puro", as organizações têm espaço para ganhar mais força e representatividade no Brasil, assim como ocorre em outros países. As cooperativas possuem um importante papel na economia nacional.

Alex Araújo
Economista

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