Ministro admite racionamento se nível cair a 10%

Os reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes para geração hídrica no País, estão em 17,43%

Escrito por Redação ,
Legenda: Eduardo Braga disse não ter nenhuma informação sobre a variação da frequência do sistema elétrico antes do apagão desta semana
Foto: Foto: AGÊNCIA SENADO

Brasília. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga disse ontem que um racionamento de energia elétrica será decretado caso o nível dos reservatórios chegue ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%. "É claro que se tivermos de tomar uma medida prudencial nós tomaremos", comentou.

"Nenhum reservatório de hidrelétrica pode funcionar com menos de 10% de água. Ele tem problemas técnicos que impedem que as turbinas funcionem. Portanto não é no Sudeste. É em qualquer lugar", acrescentou.

De acordo com os dados mais recentes publicados pelo site do Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes para geração hídrica no País, estão em 17,43%. O Nordeste está com 17,18% e o Norte com 35,2%. Apenas a região sul apresenta indicadores melhores, com 67,17%.

Reunião

Na tarde de ontem, ele esteve reunido com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para tratar o assunto. "Estamos também muito preocupados com a situação hidrológica. Inclusive amanhã teremos uma reunião na casa Civil com a ANA (Agência Nacional de Águas), o Ministério do Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia e outros, porque o nível hidrológico chegou a níveis mínimos em várias regiões", explicou.

"Estamos fazendo um acompanhamento muito de perto. Por causa das hidrelétricas e por questões de abastecimento", completou. Braga informou que a reunião foi preliminar para um encontro de hoje, quando será elaborado plano de ações e detalhados cenários possíveis.

Eduardo Braga também afirmou não ter nenhuma informação sobre a variação da frequência do sistema elétrico momentos antes do apagão que atingiu pelo menos dez estados e o Distrito Federal na última segunda-feira. "Não tenho essa informação", frisou. O ministro admitiu, porém, que essa pode ser uma das "hipóteses" que explicam o problema. Ele reiterou que o sistema elétrico funciona com margens de segurança, de forma que é possível restabelecê-lo rapidamente. "Estamos garantindo o fornecimento de energia com a mesma tranquilidade e segurança de sempre. É claro que tivemos algumas intercorrências", afirmou. O ministro citou problemas "pontuais" hoje em São Paulo e em Brasília.

"Mesmo vivendo situação tão severa, continuamos fornecendo energia, a economia está funcionando. E o esforço do governo é que possamos resistir a um estiagem e um ritmo hidrológico que pode ser pior que o de 2001 (ano de racionamento)", salientou Braga.

Usinas da Petrobras

Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, das 22 usinas térmicas que a Petrobras tem, como controladora ou acionista, 16 sofrem algum tipo de restrição operacional ou estão em fase de manutenção. Nesta semana, Eduardo Braga, informou que, até o dia 18 de fevereiro, a Petrobras vai adicionar 867 megawatts ao parque nacional de geração.

Importação da Argentina 'é rotineira', diz ministro

Brasília. Apesar de não acontecer desde 2010, a importação de energia elétrica da Argentina pelo Brasil esta semana foi classificada ontem como "rotineira" pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Segundo ele, a opção por trazer eletricidade do país vizinho não decorreu de falta de suprimento nacional, mas pela incapacidade de se trazer para o Sudeste a energia que sobrava no Nordeste. A declaração aconteceu após nova falha no fornecimento de energia no Distrito Federal, deixando às escuras a área central de Brasília.

"O Brasil tem um acordo com a Argentina desde 2006. É uma operação normal, que sequer é tratada como compra de energia, mas como compensação", argumentou o ministro. "Trata-se de uma operação rotineira, não é extraordinária ou excepcional", completou.

Entre terça-feira e ontem, foram importados cerca de 2 mil MW de energia para suportar a escalada do consumo no horário de pico. A última vez que o País havia comprado energia do exterior foi em dezembro de 2010. A energia serviu para cobrir problemas pontuais de geração, sobretudo na Região Sul.

Segundo relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), na terça-feira, foram importados, em média, 165 MW durante o dia, sendo 998 MW no pico de consumo, às 14h48. Ontem, o volume de importação foi semelhante ao do dia anterior, disse um técnico do governo. Braga admitiu não ter sido informado da importação de energia no momento em que se deram as operações e garantiu que não falta eletricidade ao Brasil.

Falhas

De acordo com a empresa de distribuição de Brasília, CEB, o problema de ontem teria ocorrido na subestação número três, que alimenta uma parte da Asa Norte. A assessoria de imprensa informou, por telefone, que a falha começou às 17h35 e a energia foi retomada às 17h45.

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