Minha Casa: contratação de unidades demora

No Ceará, todas as 1,8 mil unidades com contrato assinado ainda estão em fase de projetos

Escrito por Redação ,
Legenda: Ministério das Cidades tem como meta nacional a contratação de 40 mil novas unidades para a faixa 1,5 do Programa Minha Casa Minha Vida
Foto: FOTO: TIAGO STILLE

A promessa do Ministério das Cidades era da contratação de 170 mil novas unidades habitacionais para a faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no País, que contempla famílias com renda mensal bruta limitada a R$ 8 mil, ainda neste ano. Porém, até agora, apenas 25,6 mil contratações foram autorizadas, sendo 1,8 mil para o Ceará, e ainda estão em fase de projetos e emissão de licenças.

Segundo informou André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), essas unidades habitacionais para o Estado, que deverão contemplar vários municípios cearenses, ainda não foram contratadas de fato.

"Os projetos anteriores do programa ainda estão sendo entregues, e essas novas unidades ainda estão aguardando projetos, licenças ambientais. Tem até o fim do ano para contratar", esclarece Montenegro.

O Ministério também tem como meta nacional a contratação de 40 mil novas unidades para a faixa 1,5 (renda familiar de R$ 2.350 para R$ 2,6 mil) e de 400 mil unidades para as faixas 2 e 3 (renda de R$ 3,6 mil para R$ 9 mil). Para as novas contratações, o governo estabeleceu como pré-requisito que o município a ser beneficiado não pode ter empreendimentos paralisados no Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

Em nota, o Ministério das Cidades, responsável pelo programa federal de habitação, afirma que "a meta física será distribuída entre as regiões geográficas do País, de acordo com a estimativa do déficit habitacional urbano, apurado pela Fundação João Pinheiro do Governo do Estado de Minas Gerais, para famílias com renda limitada a 3 (três) salários mínimos, considerando os dados do IBGE mais recentes, divulgados no sítio eletrônico do Ministério".

"Cabe informar que, desde o início da atual gestão, uma das maiores prioridades do Ministério das Cidades foi a retomada de obras paralisadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida que contava com cerca de 70 mil unidades paralisadas, segundo levantamento realizado em maio de 2016. Nesse sentido, o Ministério já autorizou, nesse período, a retomada de mais de 40 mil unidades habitacionais em todo Brasil, além da entrega de 158,7 mil unidades destinadas a famílias com renda de até R$ 1.800,00, na modalidade Empresas", completa nota enviada pelo Ministério.

Emprego

Espera-se que a contratação de unidades impulsione o mercado da construção civil e eleve o nível de emprego, uma vez que o setor foi responsável pela perda de milhares de postos de trabalho nos últimos anos de recessão econômica. Na avaliação de Montenegro, entretanto, novos desligamentos devem ocorrer até o fim do ano e, desconsiderando as unidades do MCMV, novas contratações pelo setor só devem ocorrer no segundo semestre de 2018.

Isso porque já é perceptível uma reação do mercado imobiliário na Capital, ainda que tímido, segundo Montenegro, uma vez que tem havido uma intensificação da procura por imóveis. "As empresas já estão mais animadas por conta desse aumento da procura, que é um reflexo da própria recuperação do mercado, da queda da taxa de juros. Embora tímido, já é um sinal de reaquecimento", explica.

Momento propício

Segundo Montenegro, o momento é propício para que os consumidores adquiram imóveis, uma vez que há um estoque elevado na Capital (11 mil unidades, quando a meta do setor é manter em 3 mil) e os juros estão caindo. "Os bancos particulares já atuam com taxas abaixo de dois dígitos, o que realmente faz a diferença (para o financiamento imobiliário). Os bancos públicos ainda estão muito reticentes em fazer essa redução, mas há a intenção", aponta.

Nesse cenário, o presidente destaca que com o mercado muito ofertado, as empresas estão muito agressivas nas vendas, dando condições diferenciadas em termos de preços, financiamento e entrada. "O cliente tem muita opção de escolha agora. A oferta é maior que em qualquer outro momento e as empresas estão trabalhando com condições que não vão estar aí quando o mercado estiver reaquecido", alerta Montenegro.

Lançamentos de novos empreendimentos não devem acontecer tão cedo, na avaliação do presidente, considerando que as empresas precisam se dedicar a reduzir seus estoques antes. Ainda assim, há expectativas de lançamentos já no primeiro semestre do próximo ano - o que deve demorar cerca de seis meses para refletir no nível de contratações, em razão do tempo natural para negociação das unidades antes da sua construção.

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