Mercado interno de pescados cresce e ganha novas lojas

Crescimento do envio de cargas para fora do País tem possibilitado a expansão dos negócios locais no Estado

Escrito por Lígia Costa - Repórter ,
Legenda: Empresários estão ampliando os negócios. É o caso dos empresários Manoel Rocha e Francisco Rocha, que inauguram uma nova loja
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

A valorização do dólar ante o real vem provocando uma retração no volume de importação de pescados no Ceará. Paralelamente, esse cenário abre espaço para um maior incremento das exportações e fortalecimento do mercado interno.

De janeiro a junho de 2018, o volume de peixes congelados exportados no Estado saltou para 1.959.601 Kg, movimentando cerca de US$ 7,5 milhões, conforme dados disponibilizados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). O montante é 87,83% superior ao visto em igual período do ano passado, quando foram enviados para fora 1.067.123 kg de pescado, que fizeram girar US$ 4 milhões, aproximadamente.

Importação em queda

Com o encarecimento do dólar, a quantidade de importações caiu vertiginosamente no Ceará. Especialmente de produtos classificados pelo Mdic como "Filés de peixes e outras carnes de peixes (mesmo picada), frescos, refrigerados ou congelados". Do primeiro semestre de 2017 para igual período de 2018, o valor exportado desses itens passou de US$ 1,1 milhão para US$ 118,8 mil, marcando uma queda de 90,04%.

Produção em alta

Além do impacto das moedas estrangeiras nas importações, o titular da Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa), Euvaldo Bringel, atribui o bom momento para a comercialização de pescados no Estado à própria oferta desses produtos, que "está grande". "A pesca no Ceará vem crescendo acentuadamente desde o final de 2017. Estamos pescando hoje mais de um milhão de quilos de atum por mês e toda essa quantidade de proteína impacta enormemente na exportação".

O atum, segundo Bringel, está entre os peixes mais demandados no mercado de comida japonesa em Fortaleza. Junto ao salmão, normalmente importado do Chile. "O atum mais fresco tem mais valor, vai para o mercado de sushi; e o atum mais industrial, sai congelado para exportação. Aqui, temos uma oferta barata de peixe e há a flexibilidade de substituir um por outro", diz, acrescentando que a Europa é o principal destino de envio dos pescados beneficiados no Ceará.

"Vamos continuar crescendo fortemente na produção do atum. E também do camarão, porque a mancha branca (vírus que afeta os crustáceos) fez cair nossa produção de quase 40 mil toneladas para 17 mil por ano, mas a recuperação (da produção) está bem rápida".

"A temporada da lagosta abriu em junho e vai até novembro e a gente espera uma produção de 4 a 5 mil toneladas até o final da safra", estima o diretor do Sindicato da Indústria de Frio e Pesca (Sindfrios), Oziná Costa.

Maior consumo

Tendo em vista o envelhecimento da população brasileira, faixa etária mais adepta à alimentação saudável, , a tendência é que esse mercado se expanda a longo prazo.

E Fortaleza ainda sai na frente, tendo em vista a implantação do hub da Air France/KLM/Gol, que deve abrir espaço para cerca de 50 frequências semanais internacionais, até o fim deste ano. "Cada avião desses leva 10 toneladas de carga e, de preferência, cargas frescas. Com 50 voos, serão 500 toneladas (a exportar)".

Geração de empregos

Com a maior pujança na produção e consumo de pescados no mercado interno, as oportunidades de trabalho no setor também aumentaram. Hoje, o Ceará conta com 120 barcos dedicados somente à pesca do atum, nos quais atuam pelo menos duas equipes formadas por sete pessoas. Ao todo, portanto, são gerados 1.680 empregos diretos nos barcos. "Na indústria de beneficiamento, temos 500 pessoas em empregos diretos e mil, nos indiretos", calcula ainda o titular da Seapa.

Expansão de negócios

Vislumbrando um mercado em ascensão, empresários cearenses estão expandindo seus negócios no setor pesqueiro em Fortaleza. É o caso de Manoel Rocha e Francisco Rocha.

Há 20 anos à frente da FS Rocha Pescados e Mariscos, os irmãos vão inaugurar uma nova loja neste sábado (28), às 8 horas. A unidade vai funcionar em uma casa comprada ao lado do primeiro estabelecimento, voltado para vendas no atacado.

"Com essa ampliação, vamos aumentar nossa área de 700 metros quadrados (m²) para 2 mil m², em média, e trabalhar mais no mercado varejista. Além do pescado, vamos botar um free shop, com vinhos e produtos regionais, como castanhas", detalha Manoel Rocha.

Hoje, a empresa gera 40 empregos diretos e faz parte dos planos dos proprietários abrir novas lojas na Cidade.

"Devido à crise financeira, as vendas têm caído um pouco, mas a área de pescados é muito boa, não tem tempo ruim. E, com essa nova loja, devemos ter um faturamento de 20% a 30% maior", projeta o empresário.

Contando com cerca de 10 fornecedores e uma empresa de beneficiamento no Camocim, a empresa tem como carro-chefe de vendas a pescada amarela que vem do Pará.

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