Meirelles afirma que fica mesmo se Temer sair

Escrito por Redação ,
Legenda: O ministro da Fazenda afirmou estar "absolutamente tranquilo" com relação às delações fotos: agência Brasil O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, se reuniu ontem com Henrique Meirelles

Brasília. O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse a investidores e aliados, ontem (18), que acredita na permanência do presidente Michel Temer no poder. Mas sinalizou que tem disposição para continuar no comando da equipe econômica caso o presidente deixe o cargo.

LEIA MAIS

.Bolsa desaba, negócios param; perda de 8,8% é pior desde 2008

A possibilidade de ele continuar na Fazenda sem Temer foi cogitada nos bastidores diante dos rumores de que o presidente renunciaria ontem.

Meirelles continua sendo visto por empresários e investidores como a principal âncora do governo e fiador de uma política econômica alinhada com o mercado. Ele prosseguiu nesta quinta como o principal interlocutor de Brasília com o mercado.

Em meio à turbulência política que levou os mercados a um dia de forte estresse, o ministro conversou com representantes de bancos e investidores para reforçar a disposição do governo em implementar as reformas. Meirelles presidiu o BC no governo Lula e, depois de deixar o posto, passou a trabalhar para o grupo J&F, do frigorífico JBS, comandado pelo empresário Joesley Batista. Saiu para assumir a Fazenda.

Sobre a possibilidade de aparecer nas delações, Meirelles disse a pessoas próximas estar "absolutamente tranquilo".

Reunião

Ontem, o ministro da Fazenda recebeu, no fim da tarde, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, para uma reunião. O teor da conversa entre os dois não foi informado.

Na chegada, Goldfajn não quis comentar possíveis efeitos da atual crise política sobre a Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em um ciclo de queda e que caiu um ponto percentual, para 11,25%, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em abril.

"A questão que estamos trabalhando hoje não tem relação mecânica e direta com a política monetária. A política monetária é uma decisão que será tomada nas reuniões ordinárias do Copom, baseada nos objetivos tradicionais do comitê", disse Goldfajn. A próxima reunião do comitê ocorre em 30 e 31 de maio.

Preservação

Um novo governo provavelmente manteria a equipe econômica intocada, incluindo todo o ministério da Fazenda e o Banco Central, avalia o Deutsche Bank em relatório sobre o Brasil. Em meio à crise envolvendo o governo, a equipe do banco alemão assume como hipótese que o Congresso deve eleger um novo presidente e que exista algum tipo de acordo político para dirigir o País até a próxima eleição em 2018.

O Deutsche diz, porém, ser "difícil imaginar" que as reformas avançariam neste tipo de ambiente. O Congresso Nacional já está bastante relutante em aprovar a Reforma da Previdência, e a liderança política de Temer e seus aliados mais próximos são preponderantes para fazer isso acontecer.

Com a enorme incerteza política pela frente, o Deutsche espera alta do risco-país do Brasil, desvalorização cambial e elevação dos juros futuros.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.