Megaprojeto industrial e habitacional no Pecém

Escrito por Redação ,
O Village Viva Pecém já possui estudos ambientais concluídos e foi apresentado em audiência pública

O município de São Gonçalo do Amarante deverá receber um megaprojeto imobiliário, incluindo, além de habitação, áreas para serviços e um distrito industrial. Com vistas ao crescimento econômico e populacional do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), a Euroamérica Construtora, Incorporadora e Imobiliária planeja fazer, até o fim do ano, o lançamento do Village Viva Pecém, que já possui estudos ambientais concluídos e os teve apresentados, na semana passada, em audiência pública no município. O empreendimento está em processo de aquisição da Licença Prévia (LP) pela Superintendência Estadual do Meio
Ambiente (Semace) e, depois desta etapa da audiência, será levado para avaliação e possível aprovação no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema). De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, é provável que o empreendimento seja levado à reunião do Coema, a ocorrer em fevereiro, com data ainda a ser agendada.

Com uma área de 468,14 hectares , o loteamento prevê localização no distrito de Croatá, em São Gonçalo do Amarante Foto: José Leomar

Investimento não definido

Projetando uma área de 468,14 hectares (ha), o loteamento prevê localização no distrito de Croatá, em São Gonçalo do Amarante, a 18 quilômetros do centro da cidade.

O projeto é assinado pelo arquiteto e urbanista Fausto Nilo. O valor do investimento ainda não está definido, segundo explica o diretor comercial da Euroamérica Construtora, Henrique Torres de Melo.

“Ainda estamos fazendo o orçamento, mas acreditamos que teremos um valor geral de vendas grandioso”, afirma. O empreendimento espera a geração de seis mil empregos, através das indústrias, comércios, serviços e escritórios. “Nesse momento, estamos tratando mais do conceito, que é pensado no que vem sendo feito em urbanismo a nível mundial. A ideia é que os moradores precisem se deslocar o mínimo possível, com trabalho e lazer integrado”.

Áreas

De toda a área compreendida, 46 hectares constituirão Área de Proteção Ambiental, conforme o Novo Código Florestal, e 232,63 hectares serão para o parcelamento do solo.

O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do empreendimento, produzindo pela Ambiental Consultoria e Projetos, explica que o loteamento será composto por quatro vizinhanças com populações diversificadas, podendo abrigar até 35 mil habitantes.

Haverá áreas para uso empresarial de escritórios e de residências, sendo estas do modelo típico de habitações populares, passando por residências duplex, triplex, apartamentos e até mansões, cada tipo em vizinhanças distintas.

Previsão para 2015

Conforme Melo, espera-se que as primeiras unidades, da primeira vizinhança, já possam ser entregues em meados de 2015, podendo trazer vagas para oito mil habitantes. As vizinhanças serão construídas conforme for crescendo a demanda na região. “Acreditamos que já temos demanda para essa primeira vizinhança, com os empreendimentos já em curso no complexo, como a siderúrgica, a Vale Pecém, as laminadoras”, aponta.
Além destas áreas, haverá um distrito industrial de 32 hectares, com vias de dimensões e traçado adequados para circulação e manobra de caminhões de carga em todos os seus padrões.

Indústrias e serviços

O diretor comercial da Euroamérica informa que a construtora trabalha com a possibilidade de incluir indústrias em três setores: metal-mecânica, por conta do desenvolvimento do setor na região; de Tecnologia de Informação (TI), podendo agregar empresas de call center, que são grandes empregadoras de mão de obra; e logística, por conta da interface que o loteamento possui com a futura Ferrovia Transnordestina, que passará por perto do empreendimento. Reuniões com os sindicatos destes setores já vêm sendo realizadas.

Shopping center

Está incluído ainda no conjunto de urbanização um shopping center de alcance regional, um posto de serviço e uma estação de intercâmbio de transportes públicos regionais. O terreno do Village Viva Pecém já pertence à incorporadora desde 2004. “O Pecém hoje é uma realidade, não mais uma promessa. Estávamos esperando que as oportunidades amadurecessem, mas não esperávamos que estas aconteceriam nessa velocidade”.

Sérgio de Sousa
Repórter

Modelo é inédito no País, diz Nilo

Pensado com base na interação entre vizinhanças e na fácil acessibilidade a lazer e trabalho, o Village Viva Pecém, de acordo com seu idealizador, o arquiteto Fausto Nilo, apresenta um modelo ainda inexistente no Brasil, mas com base em um conceito urbanístico que vem se aplicando no mundo há cerca de pelo menos 30 anos.

“No fundo, é um povoado”, define Fausto Nilo ao falar do projeto, acrescentando que não se trata de um loteamento foto: rodrigo carvalho

“No fundo, é um povoado”, define, acrescentando que o empreendimento não pode ser entendido como um loteamento. “Sua forma atual é fruto de um redesenho criterioso de atualização \[das experiências já existentes no mundo\] com vistas à boa convivência dos habitantes atuais com as novas escalas das metrópoles e suas consequências indesejáveis. Assim, ele apenas restaura a forma urbana que todos desejamos, ou seja um lugar onde tem tudo que é necessário para se viver em vizinhança e isto de forma acessível e com baixa dependência de transporte motorizado”, explica o arquiteto.
Entre tais consequência indesejáveis, aponta, estão o isolamento, a quebra de valores sociais, que colaboram com a agressividade urbana, o incremento do custo da vida urbana e o alto consumo energético.

Vida compartilhada

De acordo com Nilo, os loteamentos, diferentemente o que projeta o Village Viva Pecém, não planejam “a forma de vida compartilhada, as economias locais, as acessibilidades ao trabalho, os espaços de lazer, consumo e educação de forma integrada”. Conforme ele, este padrão ainda não existe, de forma completa, no Brasil.

Exemplos

“Existem alguns exemplares em Santa Catarina, em Vitória e São Paulo que se aproximam desta composição, mas creio que o nosso exemplar dará um largo passo para esta concretização exemplar”. Nilo defende que este tipo de modelo funciona para dosar o controle da qualidade do crescimento urbano no complexo industrial e portuário.

Acessibilidade

“No caso da região do Pecém, poderia se imaginar isto tudo sempre relacionado às acessibilidades a distritos industriais nucleares, com intervalos de natureza, e com alcance por terra plana a partir do uso de bicicleta em percursos de oito quilômetros, ou seja em 20 minutos de viagem”, comenta.
Destaca que “esta é a maneira concreta de calibrar as relações entre as bases naturais, as construções com seus usos e ao mesmo tempo favorecer às acessibilidades com significativa redução do consumo energético e da poluição aérea”. (SS)

Desenvolver área depende de planejar imóveis

O desenvolvimento do Complexo do Pecém não pode ser feito sem planejamento imobiliário para as pessoas que lá vão trabalhar, segundo o arquiteto e urbanista Fausto Nilo. Isso evitará o estímulo à habitação distante e “as infernais viagens metropolitanas”, aponta.

“Nós percebemos hoje a gradativa mudança da compreensão local para estas oportunidades em substituição do hábito de somente pensar o desenvolvimento industrial de forma isolada e dependente de longos percursos por transporte urbano, sempre inviável.

Então para organizar e qualificar o processo de desenvolvimento urbano para aquela região, é inevitável tratá-la a partir da implantação gradativa de unidades de crescimento urbano em conveniência especial com os centros de emprego, de educação, de serviços e de consumo”, conclui Nilo. (SS)

SAIBA MAIS

468,14 hectares é o tamanho da área do empreendimento
46 hectares, do total, serão destinados para uma Área de Proteção Ambiental
223,63 hectares, do restante, serão para o parcelamento do solo
32 hectares vão compor um distrito industrial
35 mil pessoas, aproximadamente, são esperadas para morar no loteamento
6 mil empregos devem ser gerados com o empreendimento
18 quilômetros será a distância da área do projeto para o centro de São Gonçalo do Amarante
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