Juros do cartão de crédito chegam a 372%

A taxa média de juros do crédito para as famílias continuou a subir em junho e chegou a 58,6% ao ano, segundo o BC

Escrito por Redação ,
Legenda: A taxa das compras parceladas com juros, do parcelamento da fatura do cartão e dos saques parcelados, subiu 2,3 pontos percentuais
Foto: FOTO: LUCAS DE MENEZES

Brasília. No rastro do ciclo de alta da taxa básica Selic, os juros subiram em junho, e de maneira forte, em todas as modalidades de crédito. A taxa média com recursos livres aumentou para 43,5% ao ano no mês passado, com destaque para a das pessoas físicas (58,6% ao ano), ambas recordes da série histórica do Banco Central iniciada em 2011. São os custos do cheque especial (241,3% ao ano) e do rotativo do cartão de crédito (372% ao ano), no entanto, os que mais assustam os consumidores.

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Desde que o BC começou o aperto monetário, em abril de 2013, a Selic aumentou 7 pontos porcentuais (pp) e atualmente está em 14,25% ao ano. No mesmo período, porém, a taxa média para o tomador de crédito subiu 13 pp, praticamente o dobro. Apenas no primeiro semestre deste ano, a alta foi de 6,2 pp.

A inadimplência das famílias (pessoas físicas), que considera atrasos superiores a 90 dias, ficou estável de maio para junho em 5,4%. Também ficou estável a inadimplência das empresas em 3,9%. A taxa de juros para as empresas subiu 0,6 ponto percentual para 27,5% ao ano.

Altas

A taxa média das compras parceladas com juros, do parcelamento da fatura do cartão de crédito e dos saques parcelados, subiu 2,3 pontos percentuais para 118,2% ao ano. A taxa do cheque especial chegou a 241,3% ao ano em junho, com alta de 9,3 pontos percentuais, em relação a maio. Já a taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) permaneceu em 27,3% ao ano. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a taxa de juros para as empresas subiu 0,1 ponto percentual para 9,5% ao ano. No caso das famílias, houve alta de 0,2 ponto percentual, com taxa em 9,2% ao ano. A inadimplência do crédito direcionado ficou estável em 0,7% para empresas e subiu 0,3 ponto percentual para 1,7%, no caso das pessoas físicas.

O saldo de todas as operações de crédito, livre e direcionado, chegou a R$ 3,102 trilhões, em junho, com crescimento de 0,6% no mês e 9,8% em 12 meses. "A evolução do mercado de crédito no primeiro semestre de 2015 evidencia a desaceleração nos segmentos livre e direcionado, em cenário de elevação de taxas de juros e contenção da demanda por consumo e investimento", diz o relatório do BC.

Freio no consumo

Segundo o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro, o aumento da taxa Selic irá frear ainda mais o consumo das famílias e crescimento da economia brasileira. Para Honório Pinheiro, a elevação dos juros em 0,5% não será capaz de resolver o aumento dos preços. "O Governo já vem realizando alguns ajustes, mas mortificar a atividade econômica, o consumo e os setores produtivos não será a solução. O aumento da taxa vai reduzir ainda mais a expansão de crédito e a geração de empregos", afirmou o presidente da CNDL.

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