Juro médio do País é o mais elevado em dois anos

Escrito por Redação ,
Legenda: A tendência para os próximos meses é de encarecimento dos financiamentos, ainda que o nível de calote esteja na mínima histórica
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Brasília. Mesmo antes da alta da taxa básica de juros - a Selic - fazer efeito, o consumidor passou a pagar mais caro por empréstimos no mês passado. O vilão foi o cheque especial, que, apesar de representar uma fatia pequena do total de crédito, influenciou o resultado por ter juro muito elevado. A tendência para os próximos meses é de encarecimento dos financiamentos, ainda que o nível de calote esteja na mínima histórica.

"O que se espera de reação da taxa básica no canal de crédito é a elevação das taxas ativas. É um processo lógico", afirmou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel. Em outubro, de forma inesperada, a instituição elevou a Selic de 11% para 11,25% ao ano e novos acréscimos são aguardados pelo mercado financeiro nos próximos meses.

Cheque especial

De acordo com dados apresentados ontem pelo Banco Central, a taxa de juros média do País em outubro foi de 32,8% ao ano, a mais elevada dos últimos dois anos. No cheque especial, que representa aproximadamente 3% do mercado total, a cobrança média anual estava em 187,8% no mês passado, a maior desde 1999. "É modalidade de custo elevado, portanto deve ser usada com bastante parcimônia e em momentos específicos", aconselhou Maciel. Para os consumidores, apenas cinco das 11 linhas seguidas pelo BC apresentaram recuo em outubro.

Inadimplência baixa

Esse aumento das taxas de juros ocorre em um ambiente de inadimplência baixa, o que torna os financiamentos um bom negócio para os bancos. A taxa de 4,8% de calote no segmento de recursos livres do crédito é a menor do ano, mas já foi vista em outros meses - estava em 5% em setembro. O economista do BC destacou que, no setor de automóveis, por exemplo, ainda há espaço para recuo da inadimplência, já que a mínima histórica foi de 3,7%, em março de 2011. "Saímos de uma taxa de 7,2% em julho de 2012 para 4,2% em outubro deste ano", comparou.

Aumento

Já o nível de spread - que é a diferença entre a taxa paga pelos bancos e a cobrada aos seus clientes - subiu no mês passado de 20,8 para 21,3 pontos porcentuais. Esta é outra variável que deve apresentar elevação com os reflexos do ciclo de aperto monetário, que começou em outubro e deve se estender até o início do próximo ano.

No geral, a oferta de crédito apresentou avanço com a possível retomada da economia e os efeitos das ações apresentadas pelo BC desde o início deste semestre. "Nos últimos três meses, vimos reação um pouco mais nítida da expansão do crédito", salientou o economista do Banco Central.

Ele comentou que, em 12 meses até agosto a alta foi de 11,1%; em setembro, de 11,7%; e agora, 12,2%. "Essa trajetória é consistente com a projeção do Banco Central para o ano, de 12%", continuou.

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