Jovens detêm a taxa de pobreza mais elevada

A fatia da população com idade a partir de 16 anos (2,74 milhões) possui a taxa de pobreza mais elevada (44,5%)

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo o Ipece, 695.454 pessoas ainda viviam, em 2013, com uma renda domiciliar per capita de apenas R$ 83,68 por mês
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Eles somam 991 mil pessoas com idade entre 16 e 29 anos, representando 36% da população residente na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com idade a partir de 16 anos (2,74 milhões), e detêm a taxa de pobreza mais elevada da população (44,5%), chegando a 58,2% na faixa mais jovem, de 16 a 17 anos. Esse é apenas um dos desafios dentre tantos outros enfrentados pela população juvenil para sobreviver na Capital Cearense e nos municípios da Região Metropolitana.

Mesmo com a economia cearense crescendo acima de 16% entre 2009 e 2012, os jovens continuam sendo a fatia da população mais penalizada no mercado de trabalho local. Nesse período foram geradas na RMF 151 mil novas ocupações, sendo que 129 mil foram absorvidas pela população adulta, a partir de 30 anos, ficando apenas 22 mil postos ou 15% do total para os jovens de 16 a 29 anos.

Com isso, o nível ocupacional da juventude ampliou 1,3% ao ano, enquanto o dos adultos cresceu quase o triplo (4,3% a.A), aprofundando a desigualdade entre jovens e adultos. O resultado é que, em 2012, enquanto os jovens respondiam por 34,1% dos ocupados, eles representavam 68% do contingente de desempregados.

Trajetórias

Os dados constam no estudo "Juventudes e Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Fortaleza: Trajetórias Recentes", desenvolvido pelo analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Mardônio Costa, com base na Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), compreendendo os anos de 2009 a 2012.

Políticas públicas

O documento foi divulgado, ontem, na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e servirá para nortear políticas públicas voltadas a inserção dos jovens no mercado de trabalho.

O levantamento aponta que 51% da população juvenil (de 16 a 29 anos) na RMF, em 2012, eram mulheres (507 mil), 16,6% ou 165 mil jovens já eram chefes de família e apenas 115 mil (13,6%) frequentavam o ensino superior. No mesmo ano, enquanto a taxa anual de desemprego adulto ficou em 4,5%, a taxa de desemprego juvenil no ano atingiu 16,2%, ficando 3,6 vezes mais elevada. Nesse cenário, segundo o estudo, a probabilidade de um jovem chefe de família estar desempregado, era duas vezes maior do que a de um chefe adulto.

Em contrapartida, a participação dos jovens dessa faixa de idade no mercado de trabalho chegou a 67,6% em 2012, superando a taxa de participação dos adultos, estimada em 64,6%. Significa que aproximadamente sete em cada 10 jovens de 16 a 24 anos estavam inseridos no mercado de trabalho da RMF em 2012. "Os números mostram que há uma pressão juvenil no mercado de trabalho. E essa pressão que eles fazem torna maior a taxa de participação deles em relação aos adultos", explica, Mardônio Costa.

Formalização

"Como aspectos positivos, são destaques a formalização do emprego, o maior número de postos de trabalho que foram gerados, o próprio nível de rendimento do trabalho juvenil que cresceu em termos reais 16%, a redução da precariedade do trabalho juvenil, a diminuição do desemprego. Mas há outros aspectos característicos da população juvenil que são problemáticos.

O desemprego, apesar de estar caindo, ainda é quase quatro vezes maior do que o desemprego dos adultos. A precarização do trabalho atinge mais de 20% da PEA juvenil. Outros aspectos negativos são os baixos salários, a alta rotatividade, o nível maior de desemprego e a pobreza juvenil", analisa Mardônio Costa.

De acordo com o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social, Josbertini Clementino, em todo o País a população jovem é a que mais sofre em todos os aspectos. Além do contexto do trabalho, renda, qualificação profissional, ele também é penalizado em questões relativas à educação, a mortalidade, a violência, ao acesso a bens culturais e até mesmo nos esportes. "Nas diversas políticas públicas sempre são eles que mais pressionam. E o Estado brasileiro não se preparou para atender uma demanda tão forte", reconhece.

Ângela Cavalcante
Repórter

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