Item com maior valor agregado ganha espaço

Com os anos, principais produtos da pauta acabaram perdendo competitividade no mercado externo

Escrito por Redação ,
Legenda: A pesca predatória da lagosta diminuiu a disponibilidade do crustáceo no Estado
Foto: FOTO: ELLEN FREITAS

Ao longo de diferentes ciclos econômicos, o Ceará sempre apresentou vocação para produção agropecuária, fruticultura e de frutos do mar. E, com o processo de industrialização, o Estado passou a se destacar nos setores têxtil e calçadista. No entanto, com o passar dos anos, alguns dos principais produtos da pauta de exportação cearense acabaram perdendo competitividade no mercado externo e participação na balança comercial do Estado.

> Balança comercial do CE muda perfil com industrialização das exportações 

> Importação: sai algodão, entra insumo siderúrgico

> Polo metalmecânico e pedras ornamentais na mira do Estado 

> CE: exportação de frutas deve saltar 16% com nova rota

O setor têxtil, que ocupava as principais posições no ranking de exportação nos anos 1980 e 1990, acabou sofrendo com a concorrência dos produtos chineses nas últimas décadas e perdeu relevância. A lagosta, que representava 7,1% das exportações cearenses em 2000, caiu para 1,22% de participação em 2016, no valor de US$ 15,7 milhões, menos da metade do registrado naquele ano (US$ 35,4 milhões). A castanha de caju, por outro lado, mesmo com altos e baixos continua, desde o ano 2000, entre cinco principais produtos exportados pelo Ceará.

"Em relação ao setor têxtil é preciso levar em consideração a China que pelos baixo preço de seus produtos, afetou a indústria têxtil em todo o mundo", diz o economista Alcântara Macedo. Já no caso da lagosta, o economista diz que a pesca predatória acabou diminuindo a disponibilidade do crustáceo em águas cearenses e que o produto cearense ainda sofreu com a concorrência de países como o Peru.

"Os Estados Unidos, onde está o mercado comprador tem importado tanto lagosta como camarão do Peru e outros países da América do Sul e Central, que oferecem preços semelhantes ao do Ceará, mas com menores distâncias", diz.

Principais produtos

A castanha de caju, que nos últimos 20 anos figurou como principal produto exportado pelo estado Ceará, vem registrando sucessivas quedas no volume enviado ao exterior.

Em 2000, o Ceará exportou 28,2 mil toneladas de castanha, no valor de US$ 137,4 milhões. E em 2016, foram exportadas 12,2 mil toneladas, no valor de US$ 103,2 milhões, valores que representam quedas de 56,7% e de 24,8% respectivamente. Mesmo assim, a castanha de caju, fechou 2016 como o segundo principal produto da pauta, com 7,9% de participação.

Para o setor calçadista, já consolidado no Estado, a expectativa é de que as exportações continuem a crescer, mas sua participação deve começar a cair na medida em que a produção siderúrgica avance.

"A CSP é um grande projeto que ainda está começando a comercializar seus produtos no mercado externo, e nos próximos dois anos, os outros itens da pauta cearense devem ter suas participações reduzidas", diz o economista Macedo.

Já no segmento de frutas, a produção do Ceará sofreu nos últimos por conta da seca, mas as exportações principalmente de melão, mamão e banana continuaram em alta, porque o Porto do Pecém tornou-se um dos principais pontos de escoamento da produção de outros estados do Nordeste para o exterior. Em 2016, o Ceará exportou pouco mais de 100 mil toneladas de melões frescos, no valor de US$ 70,8 milhões.

"O Ceará começa sua história como agroexportador, com o gado e o algodão. Depois aparecem as usinas de algodão, as fábricas de tecido e mais recentemente os calçados", diz o economista Cláudio Ferreira Lima. "Agora estamos entrando em um novo momento em função da siderúrgica e, com a ZPE já está atraindo empresas do setor de mármores e granito". 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.