Investimento em infraestrutura é gargalo para o CE

Para se beneficiar da abertura do Canal do Panamá, Estado precisará criar melhores condições para o Porto

Escrito por Carol Kossling - Repórter ,
Legenda: A Maersk é, atualmente, a maior transportadora de contêineres do mundo e foi um dos primeiros armadores a utilizar o Canal do Panamá, há 99 anos

Para tirar algum proveito econômico do alargamento do Canal do Panamá, o Estado ainda precisará resolver alguns gargalos existentes no Porto do Pecém, de acordo com Antonio Dominguez, diretor superintendente da Maersk Line na Costa Leste da América do Sul. "É preciso ter a estrutura correta e abrir-se para o mundo por meio de acordos bilaterais", analisa.

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Para ele, de modo geral, o Canal do Panamá é importante para o comércio mundial e para o Brasil, mas vai depender muito do que o País vai investir. A Maersk é, atualmente, a maior transportadora de contêineres do mundo e foi um dos primeiros armadores a utilizar o Canal do Panamá, há 99 anos.

Segundo Dominguez, o Porto do Pecém está preparado apenas com a dragagem (que não foi preciso fazer pela profundidade do local), que já tem naturalmente. "A vocação do local é receber e liberar mais carga e, para isso, é preciso conectividade", diz. Em sua opinião, é necessário a atração de armadores que olhem para o Ceará como um porto concentrador.

Ele ainda avalia que o trabalho do governo brasileiro é assinar os acordos bilaterais com outras comunidades. "Como, por exemplo, a europeia e a chinesa que já têm interesse na relação com o Brasil", descreve. Dominguez ressalta que o Brasil tem concorrentes na Costa Leste, como a Argentina, que deseja atrair investimentos e assinar acordos bilaterais.

O diretor superintendente lembra que somente cerca de 5% do que é movimentado no Carnal do Panamá é de carga local, os outros 95% são de conexão. Ele aponta que o governo cearense tem que destacar as virtudes da região para atrair em nível mundial. Ainda é preciso instalação de equipamentos nos terminais para que as embarcações cheguem e saiam rapidamente. "Tem que existir parceria entre empresas privadas e o governo", afirma.

Benefícios e logística

Dominguez considera que, pela falta da estrutura do Porto do Pecém, outros países vão se beneficiar com o alargamento do Canal do Panamá antes. Entre alguns exemplos estão portos no Caribe, como o da República Dominicana e Jamaica; e do próprio Panamá, que já estão se organizando.

Para o diretor, com esta abertura no dia 26 de junho, a principal mudança realmente é que navios maiores até 14.000 Teus poderão navegar, triplicando a carga e alcançando uma maior continuidade num menor custo. Atualmente são cerca de 12 mil embarcações por ano, por meio de 144 rotas que conectam a 160 países que serão mantidas e a melhoria será gradual. Em torno de 60% do fluxo estão concentrados da Ásia a Costa Leste dos Estados Unidos, informa Dominguez. "De maneira geral, significará um aumento de 3% no volume de carga transportada. Hoje, pelo menos um navio da Maersk passa por dia no canal, totalizando cerca de 400 por ano. Acredito que vai gerar uma economia, mas depende dos preços que vão oferecer nos portos", pondera.

Canal do Panamá

EXTENSÃO:

Com 77,2 KM de extensão, o Canal do Panamá faz a ligação marítima entre o Oceano Pacífico e o Mar do Caribe, o que reduz a distância entre Xangai e os EUA em mais de 3.200 Km, na comparação com a rota pelo Canal de Suez, ou em mais de 8.000 Km, entre o Equador e a Europa em relação à passagem pelo Cabo Horn, no extremo sul da América do Sul.

Tempo de travessia:

Hoje, leva-se em média entre 10 e 12 horas para atravessar o canal, sendo que, cerca de metade desse tempo acaba sendo gasto em meio ao tráfego de embarcações;

AMPLIAÇÃO:

A expansão do Canal, iniciada em 2007, é a maior intervenção desde sua construção, há 102 anos.

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