Inflação resiste; 2ª maior do País em Fortaleza

Alta de preços em Fortaleza chegou a 1,23% em maio, atrás apenas de Recife, que registrou 1,51%

Escrito por Redação ,
Legenda: A cebola foi o item que apresentou a maior variação no mês de maio, no IPCA, com elevação de 38,34%
Foto: FOTO: CID BARBOSA

A alta dos preços continua castigando o consumidor fortalezense, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação do País, teve variação de 1,23% na Capital - 0,49 pontos percentuais acima dos 0,74% da média nacional e a segunda maior expansão do País no mês. O desempenho reverteu o alcançado em abril, quando Fortaleza apresentou uma elevação de 0,66%, abaixo do 0,71% visto no Brasil.

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No acumulado de 2015, Fortaleza atingiu 5,47% e ficou acima do índice brasileiro, de 5,34%, o maior resultado para o período de janeiro a maio desde 2003 (6,80%). Já para os últimos 12 meses, a Capital acumula 8,14% e está abaixo da média nacional, que marca 8,47% para o IPCA.

Com alta de 2,77%, a energia elétrica voltou a figurar como a maior contribuição individual, responsável por 0,11 ponto percentual (p.P.) do índice do mês. A energia constitui-se num dos principais itens na despesa das famílias, com participação de 3,89% na estrutura de pesos do IPCA. Em maio, em algumas regiões pesquisadas, o aumento nas contas ultrapassou 10%. Em Fortaleza o Reajuste foi 5,20%.

Gastos essenciais

Para o economista e consultor Alex Araújo, a situação apresentada na pesquisa da inflação é preocupante, levando em conta que os aumentos mais significativos, medidos pelo IBGE, foram em setores enxergados como essenciais para o consumidor em geral, a energia elétrica e a alimentação e bebidas. Para Alex, o período é de, além de ajustes de gastos, busca de novas opções de consumo.

"É um resultado preocupante porque ele sinaliza o agravamento de um problema que nós já vínhamos enfrentando. Além disso, a energia tem um impacto duplo, passando pelo consumo familiar e influenciando todos os setores que utilizam a energia, como até mesmo a produção dos bens de consumo que são direcionados ao mercado", comentou Alex.

No que diz respeito aos grupos de consumo, o setor de alimentação e bebidas, na Capital, foi um dos que apresentou a maior elevação em maio, com uma variação de 1,73%, o que para Alex deve ajudar a aumentar um movimento de procura por itens de substituição mais baratos pelo consumidor local, como uma forma de não mudar o padrão de consumo.

Um passo que reafirma o período de ajuste pelo qual a economia nacional vem passando. O segmento de Tubérculos, Raízes e Legumes, por exemplo registrou um aumento de 24,63% e puxou a elevação do índice para o setor de alimentação.

"A gente já vem percebendo o movimento de substituição de produtos, como das marcas mas baratas e o consumidor tem tentado se adequar para esses gastos mais elevados. E a gente não vê ainda um momento de reversão desse cenário no curto prazo, porque há uma crise de confiança na economia. O que nós precisamos no momento é ver os agentes econômicos, como os empresários retornar os investimentos que são e serão feitos pelos pacotes do governo, para termos uma perspectiva mais favorável", ponderou o economista e consultor.

Valores contidos

Mesmo com o atestado pelo IBGE para os preços operados na Capital, o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira, ressalta que os negócios do setor estão negociando de todas as formas com os fornecedores para que eles não aumentem seus preços e, assim, os valores dos produtos não sejam repassados os consumidores. "Ou se é flexível o se é flexível. Se eles não fizerem isso, nós não compramos", defende.

O aperto no bolso do consumidor por conta da inflação também vem fazendo com que alguns dos próprios fornecedores segurem os preços, segundo ele. "Está todo mundo tentando equilibrar a situação por conta das dificuldades do mercado".

No grupo Habitação, cuja variação em Fortaleza foi de 1,39%, além do item energia elétrica, os destaques foram os artigos de limpeza (1,21%) e os reparos (0,37%). Outros setores a apresentar alta considerável foram o da Saúde e Cuidados Pessoais (1,66%) e as Despesas Pessoais (1,77%). O destaque positivo ficou para a Educação, que registrou uma redução nos preços de 0,10%.

Reflexo sobre o mercado

Influência direta dos aumentos, a redução da confiança do potencial de consumo por parte da população, segundo Alex Araújo, é outro ponto negativo dos desdobramentos do resultado do IPCA para Fortaleza, o que pode acabar elevando, consequentemente, a taxa de desemprego na Capital. Os investimentos na infraestrutura propostos pelo novo pacote do governo federal são muito importantes, mas precisa haver um retorno do mercado, tanto dos consumidores quanto do empresariado.

"Temos percebido aceleração do desemprego em alguns setores, como o da construção civil, e isso pode acabar prejudicando ainda mais a situação. É realmente uma situação delicada, com os próprios empresários e consumidores ainda em dúvida com economia em crise", completou.

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