Inflação gera impacto nas dívidas em atraso

Em Fortaleza, 61,7% dos consumidores estão com algum tipo de dívida, de acordo com a Fecomércio

Escrito por Redação ,
Legenda: Dívidas relacionadas a compras de itens indispensáveis atingiam em março 24,6% do consumo, saltando para 28,2% em abril
Foto: FOTO: WALESKA SANTIAGO

Atualmente, 61,7% dos consumidores de Fortaleza possuem algum tipo de dívida. Se comparado ao índice registrado em março (66,2%), a taxa deste mês apresenta uma queda de 4,5 pontos percentuais. Apesar da redução, o número de pessoas com contas atrasadas (17,3%) e com parte da renda familiar comprometida (29%) ainda preocupa, segundo indica a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza.

O levantamento, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), ainda revela que, por conta da inflação, os consumidores estão gastando mais com produtos essenciais, como alimentos e atrasando as contas.

As despesas com esses itens têm sido um dos principais motivos para o desequilíbrio financeiro (diferença entre a renda e os gastos) da população, problema que já atinge 71,4% dos indivíduos. Na pesquisa de março, dívidas relacionadas a compras de itens indispensáveis atingiam 24,6% dos consumidores da Capital cearense, índice que saltou 3,6 pontos percentuais, passando para 28,2% em abril.

Desequilíbrio financeiro

De acordo com os entrevistados para a pesquisa de abril, a inflação é o quarto principal fator que causa desequilíbrio financeiro. Os três primeiros motivos são: ausência de orçamento e descontrole dos rendimentos e gastos (38,1%); compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário (29,7%); e compras antecipadas (28,8%).

"O consumidor começou a perceber o aumento de várias mercadorias e passou a ajustar o padrão de consumo, deixando de comprar alguns produtos para não piorar mais a situação financeira", afirma o superintendente da Fecomércio-CE, Alex Araújo. O economista chama a atenção, sobretudo, para o aumento nos preços de laticínios e hortifrutigranjeiros.

Com base no atual comportamento do mercado, ele acredita que, diante dos custos mais elevados com alimentação, água e energia elétrica, por exemplo, o consumo de itens não essenciais em Fortaleza deverá sofrer uma considerável retração, o que não é bom para a economia.

Ruim para o consumo

"Este ano está sendo muito ruim para o consumo. O número de feriados é muito grande. E ainda temos o fator Copa do Mundo, com alta nos preços de boa parte dos serviços, como bares, restaurantes e transporte, que já foram reajustados", avalia Alex Araújo.

Outros motivos

Depois do desequilíbrio financeiro, o que mais leva os indivíduos a atrasar as contas são o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades (20,7%) e a perda de prazo por esquecimento (8,7%). De acordo com o levantamento, o tempo médio de atraso caiu de 61 para 56 dias. Em Fortaleza, os instrumentos de crédito mais utilizados pelos 61,7% dos consumidores endividados são: cartões de crédito (76,4%); financiamentos bancários (15,2%); carnês e crediários (8,5%); e empréstimos pessoais (6,5%).

Crédito

O consumidor usou o crédito para comprar: itens de alimentação (48%); eletroeletrônicos (39,4%); artigos de vestuário (36,5%); e despesas com educação e saúde (26,6%).

O valor médio das dívidas dos consumidores da Capital é estimado em R$ 1.097 e prazo médio de sete meses, comprometendo 29% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento. A taxa de inadimplência potencial (proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos) cresceu 0,5 pontos percentuais, passando de 5,7% para 6,2%.

Raone Saraiva
Repórter

ARTE

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