Industrialização de casas é viável

Missão empresarial da Coopercon aponta iniciativa como possível solução ao déficit habitacional no Brasil

Escrito por Redação ,
Legenda: Empresário cearense José Carlos Gama diz que é possível replicar o método japonês de construção, mas sugere que o Governo mude primeiro
Foto: FOTO: EGÍDIO SERPA

Osaka (Japão). Vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) para a área imobiliária, diretor financeiro da Fiec e um dos três sócios da Construtora Placic, o engenheiro José Carlos Gama considera "um êxito" a etapa japonesa da Missão da Coopercon, que se encerra hoje à noite. Amanhã, o grupo viaja para a Austrália, via Seul, na Coreia do Sul. "Estamos cientes de que existe, sim, uma solução mais rápida para o grave problema do déficit habitacional no Brasil, e ela passa pelo conceito e uso efetivo da industrialização" - diz ele, que, como os demais integrantes da missão, se impressionou positivamente com as novas tecnologias e os novos materiais empregados pelas empresas japonesas na produção de moradias em escala industrial.

Para José Carlos Gama, o Governo, nos seus três níveis - federal, estadual e municipal - deve participar, da mesma forma que o empresariado, de viagens técnicas como esta que a Coopercon promove. "O Governo deve adotar algumas providências, como a redução do Imposto de Importação para máquinas e equipamentos usados pela construção civil brasileira, com o que permitirá a melhoria da produtividade, a redução do desperdício e, por via de consequência, a diminuição do preço final do imóvel" - argumentou.

Hoje no Brasil, segundo Gama, acontece o contrário. Ele dá um exemplo, citando o programa Minha Casa Minha Vida. "Mesmo para atender a famílias de um a três salários mínimos, é exigido que o construtor entregue a obra com equipamento de energia solar para aquecer a água de uma residência localizada em pleno sertão central do Ceará, onde a temperatura passa dos 32 graus centígrados. Não é culpa do agente financeiro, que apenas obedece a instrução do Ministério das Cidades, que, por sua vez, nacionaliza a abrangência da questão sem levar em conta as peculiaridades regionais do clima brasileiro", analisa

Na sua opinião, a construção em escala industrial de casas populares no Brasil é viável, desde que também se observem as características regionais, o poder aquisitivo do comprador e o uso de materiais compatíveis com a renda da clientela do Minha Casa Minha Vida.

"A etapa do Japão da nossa viagem deu-nos a exata dimensão da construção civil brasileira, de suas limitações e de sua enorme potencialidades. Vamos nos preparar para as mudanças, pois elas estão vindo muito rapidamente", finalizou.

Egídio Serpa*
Colunista

*O jornalista viajou a convite da Coopercon-CE

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.