Indústria cearense dá sinais de recuperação

Economista aponta que a média de crescimento local vem sendo maior do que a registrada pelo setor em todo o País

Escrito por Redação ,
Legenda: Setores de petróleo, biocombustíveis e geração de energia têm conseguido crescer a taxas superiores a 10% e estão gerando alto valor de capital no Estado, segundo Fiec
Foto: Foto: Cid Barbosa

O Ceará vem dando sinais de recuperação econômica antes mesmo do País, segundo aponta o economista Guilherme Muchale, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Isso porque em determinados setores da indústria, tais como de petróleo, biocombustíveis e geração de energia, as empresas têm conseguido crescer a taxas superiores a 10% ao ano e, apesar de não serem numerosas, geram um alto valor de capital.

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Conforme dados da última Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial no Ceará cresceu 1,4% em maio na comparação com abril, acumulando retração de 5,8% em doze meses. No País, o índice ficou estável, sem variação positiva ou negativa, mas caiu em oito dos 14 estados pesquisados pelo levantamento.

Esses e outros fatores indicam que o segundo semestre de 2016 também tende a ser um período de transição tanto para a indústria cearense, como para a brasileira, com redução da velocidade de queda dos índices econômicos, estabilização e até de leve crescimento. "O aumento da confiança dos consumidores, por exemplo, indicam que eles estão mais otimistas para consumir, e generosos", pontua.

Exportação

Na avaliação de Muchale, a retomada do crescimento do Estado deverá se dar, de maneira geral, com o aumento das exportações de segmentos da indústria, que têm dado bons resultados. "Os exportadores devem ser os primeiros a apresentar uma recuperação, como dos setores têxtil e calçadista. Mantida a desvalorização cambial, é a saída que se tem, até porque o mercado interno não deve apresentar grande recuperação", analisa. Segundo o economista, há um crescimento da produção tanto no setor têxtil, um dos mais afetados no ano passado, no de derivados do petróleo e de outros produtos químicos. "Vê-se uma expectativa de aumento da demanda, com redução dos estoques existentes, o que provoca a produção industrial e a diminuição da ociosidade da indústria. Além disso, ainda há uma boa expectativa para a compra de matéria prima, movimentando a cadeia como um todo", explica.

Empregos

Já em relação ao mercado de trabalho, Muchale aponta não haver um cenário favorável em curto prazo. "Não deverá haver mudanças agora, a não ser uma diminuição da velocidade do índice de desemprego. Com a recuperação do setor pode-se pensar em fazer novas contratações, mas não vai chegar tão cedo ao nível que se apresentou em anos como 2011 ou 2013", pontua o economista.

Sobre a possibilidade de aumento de impostos pelo governo, tanto a nível federal - uma vez que o presidente interino Michel Temer não descarta a possibilidade - quanto a nível estadual, com o encargo de 10% sobre os incentivos às indústrias, Muchale destaca que a elevação da carga tributária em um momento de fragilidade pode gerar um impacto ainda mais negativo sobre o cenário econômico.

Na avaliação dele, o ideal é que os governos diminuam suas despesas. "Outra opção é antecipar a diminuição da taxa de juros, reduzindo os juros da dívida sem a necessidade de qualquer elevação tributária", sugere. Na primeira reunião da nova diretoria do Conselho de Política Monetária do Banco Central, na quarta-feira (20), foi mantido, pela oitava vez seguida, os juros básicos em 14,25% ao ano.

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