Importação de alimentos eleva os preços em 30%

Para abastecer o mercado local, o Ceará tem comprado grãos, frutas e especiarias de outros estados e países

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Tempero básico, o alho demora até três meses para chegar ao Estado, oriundo da China, o que elevou seu preço em 57,7% no ano
Foto: Foto: Antonio Carlos Alves

Consequência de efeitos climáticos, seja a estiagem no Nordeste ou a geada no Sul, diversos produtos que fazem parte da alimentação diária das famílias cearenses passaram a ser importados de outras regiões brasileiras e, até mesmo, de outros países. Com isso, o impacto no preço desses itens varia de 5% a 30%, de acordo com o analista de mercado das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE), Odálio Girão.

O alho, por exemplo, produto que não pode faltar na mesa do cearense para temperar os alimentos, demora até três meses para chegar aos supermercados do Estado depois de ser colhido em plantações localizadas no interior da China e transportado por meio de navios. Para o analista, esse processo é o principal motivo para a elevação do valor do produto - em um ano, o preço subiu cerca de 57,7%, conforme dados da Ceasa.

Grãos

A estiagem prolongada no Nordeste afetou, principalmente, a produção de grãos do Ceará, entre os quais, feijão e milho. Segundo Girão, as regiões de Crateús, Sertão Central, Baixo Jaguaribe e mesmo o Cariri não conseguiram produzir o suficiente para abastecer a região.

"Agora, os grãos estão vindo de lugares mais distantes, como Goiás e Mato Grosso, para alimentar os rebanhos. E, com isso, os preços estão elevados", ressaltou o analista.

O preço da saca de 60 quilos de feijão carioquinha, o mais consumido no Brasil, mais que dobrou e passou de R$ 180 em maio de 2015 para R$ 375 no mês passado, segundo a Ceasa - um crescimento de 108,3%. A diferença se dá mesmo com a redução do deslocamento, uma vez que o Estado passou a importar de Minas Gerais em vez do Paraná. A produção foi prejudicada no País por excesso de chuvas e doenças.

O aumento elevado também foi percebido na saca de feijão tipo macassar, importado de Pernambuco, que passou de R$ 180 a R$ 325 em igual período, um crescimento de 80,5%. Já preço do fardo de 10 quilos do feijão preto, que vem de Minas Gerais, acelerou 37,5% em maio em comparação a igual período do ano passado, aumentando de R$ 32 a R$ 44.

O valor da saca de milho, por sua vez, subiu 62,7% em igual período, passando de R$ 43 no ano passado para R$ 70 neste ano. A Ceasa continua importando dos mesmos produtores que no ano passado: Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. O fardo de 30Kg arroz longo fino tipo 1 também teve elevação, de 12,3%, cujo preço aumentou de R$ 65 para R$ 73 no último ano.

Frutas

Odálio Girão aponta, ainda, que o impacto dos custos da importação costuma ser maior principalmente no valor de frutas frescas, que são mais consumidas e mais perecíveis. "O impacto pode ser até maior que 30% nesses casos, porque o poder de barganha é maior para o exportador, que ainda tem que contabilizar as perdas que existem durante o traslado", pontuou.

Em alguns pontos da região Sul do País, a produção tem sofrido impacto das geadas. "Mesmo a produção de São Paulo tem sido suficiente apenas para abastecer o mercado interno, sem chegar a outras capitais", explicou Odálio Girão.

Com isso, algumas frutas como uvas red glob, uvas passas e ameixa seca têm sido importadas do Chile; peras, da Argentina; pêssegos, dos Estados Unidos; e caquis, da Espanha.

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