Grandes obras reduziram 4 mil postos no último ano

Suspensão das grandes obras de infraestrutura foi o principal motivo das rescisões, segundo Seintepav-CE

Escrito por Redação ,
Legenda: Esperança para os trabalhadores da construção civil garantirem o emprego é a retomada das obras de infraestruturas ainda neste ano
Foto: Foto: Kid Júnior

Importante empregador em todo o Estado, principalmente por conta de obras públicas de infraestrutura e grandes empreendimentos, o setor cearense da construção pesada viu seu quadro de trabalhadores diminuir no primeiro trimestre deste ano. Em dezembro de 2014, por exemplo, cerca de 28 mil pessoas trabalhavam no ramo, número que caiu para aproximadamente 24 mil até o momento.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem em Geral no Estado do Ceará (Sintepav-CE), Raimundo Nonato Gomes, a redução de cerca de 4 mil trabalhadores no quadro de empregados da construção pesada foi uma consequência da paralisação de obras em todo o Estado, principalmente por conta das chuvas que caem desde o início do ano. "Só no Cinturão das Águas foram demitidos quase 3 mil pessoas. Além disso, tivemos obras paradas por falta de verba ou por razões políticas", informa o representante sindical.

Ainda de acordo com Raimundo Nonato, a esperança é que uma boa parte das obras que estão paralisadas atualmente sejam retomadas após a quadra chuvosa do Estado.

"Vários aspectos da construção pesada ficam comprometidos com as chuvas. Certamente após esse período os trabalhadores voltarão a ser empregados", acredita.

Poderia ser pior

Apesar de lamentar a queda no quadro de trabalhadores, o presidente do Sintepav-CE reforça que a redução no quadro de trabalhadores "foi muito pequena" se comparada aos cortes que ocorreram em outros estados de economia forte no Nordeste, como Bahia e Pernambuco, por exemplo. "Posso dizer, sem dúvida alguma, que ainda estamos com um quadro elevado de funcionários. Para se ter uma ideia, somente em Pernambuco foram demitidas mais de 50 mil pessoas, enquanto que na Bahia esse número superou 30 mil", informa Raimundo Nonato.

Um dos fatores que mais ajudou o Ceará a não demitir tantas pessoas no primeiro trimestre de 2015, conforme o Sintepav-CE, foi o fato do Estado não ser tão dependente da Petrobras, que atravessa uma forte instabilidade econômica e é o epicentro de um dos maiores escândalos de corrupção já vistos na história do Brasil. "Temos a transposição do Rio São Francisco, as obras da siderúrgica, que é furto de um investimento privado e sozinha emprega 17 mil pessoas, além do aperfeiçoamento do Porto do Pecém, construção de pequenos viadutos e etc. Não sofremos tanto com a crise da Petrobras", diz Nonato.

Premium II

Apesar de não gerar demissões no setor da construção pesada, já que nem teve suas obras iniciadas, a refinaria Premium II, que seria instalada em São Gonçalo do Amarante, mas que foi cancelada pela Petrobras neste ano, foi considerada "uma grande frustração" pelo presidente do Sintepav-CE, posto que tinha capacidade para empregar muita gente. "A expectativa era enorme e o cancelamento foi uma irresponsabilidade tremenda, tendo em vista que houve investimento na região e muitos ficaram no prejuízo. Foi frustrante para a sociedade como um todo", finaliza. (AL)

Atraso nos repasses prejudica construção civil

Um dos maiores empregadores do Estado, a construção civil cearense não tem resistido ao momento conturbado da economia brasileira e já promoveu cerca de 3,5 mil demissões até o momento. Outro motivo apontado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE) como preponderante para o corte de pessoal é o atraso do governo federal no pagamento do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Ceará.

De acordo com o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, o problema teve início no ano passado, agravando-se entre setembro e outubro, com atrasos chegando a 90 dias. Conforme diz, se a situação não for equacionado, o número de demissões poderá aumentar ainda mais. "Fica impossível de prosseguir se o dinheiro não vem. As empresas estão cautelosas, trabalhando em um ritmo menor".

Brasil fecha 30 mil postos

Nacionalmente, a situação também não é animadora, posto que o nível de emprego no setor da construção civil recuou 0,94% em fevereiro ante janeiro, com o corte de 30,9 mil postos de trabalho. No mesmo mês, em 2014, houve queda de 7,82%, com o fechamento de 278.137 postos.

Os dados são da pesquisa mensal do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) em parceria com a FGV.

No fim de fevereiro, a base de trabalhadores da construção civil estava em 3,276 milhões de pessoas. Em nota, o presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, alertou que o desemprego pode crescer ainda mais. "A queda do emprego na construção está ocorrendo em uma dimensão preocupante em todos os segmentos do setor, que representa 50% dos investimentos do País", salientou.

Para interromper esse processo, segundo o executivo, é necessária a retomada dos investimentos em infraestrutura e em obras imobiliárias, com mais recursos para o MCMV. Ele defendeu a revisão do fim da desoneração da folha de pagamentos na área.

Nordeste

Entre os nordestinos, o saldo entre demissões e contratações foi negativo em 1,56%, com a eliminação de 11.122 empregos; no Sul, ocorreu o corte de 947 vagas (-0,19%) e no Centro-Oeste, de 1.452 (-0,58%).

A Região Sudeste apresentou o maior número de empregos suprimidos (12.813), com queda de 0,78% em comparação a janeiro. A queda mais expressiva foi constatada no Norte (-2,24%), com o corte de 4.628 vagas. (AL)

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