Franquias surgem como boas opções de negócios no setor

Escrito por Redação ,
A empresa com maior número de franqueados do País, com 3.520 lojas, é de cosmético e perfumaria

Diante das possibilidades de atuação no mercado de beleza, as franquias começaram a surgir como boas opções de negócio. Em 2012, foram movimentados R$ 17,87 bilhões na categoria esporte, saúde, beleza e lazer, conforme dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Segundo o diretor da Francap - empresa de consultoria -, André Friedheim, a escolha por uma franquia na hora de montar um negócio minimiza o risco da operação. "Isso acontece não só com uma franquia na área de estética, saúde e beleza. Em geral, 80% dos negócios independentes fecham em um período de dez anos. Na franquia, esse número cai para 15%", explica. Ele afirma que o franqueado conta com uma marca conhecida e com um produto ou serviço já testado e aprovado.

Outro ponto destacado por Friedheim é a rede de negócios da qual o franqueado pode participar. "Nessa rede de negócios é possível se beneficiar ao já se saber os erros e acertos dos parceiros. Além disso, vai se ratear uma propaganda mais barata".

Destaque

Dentre as empresas com maior número de franquias no Brasil, se destaca uma do setor de cosmético e perfumaria, O Boticário, com 3.520 lojas, das quais 121 estão no Ceará. Em 2012, foram abertas 11 lojas em território cearense. Já para este ano, a empresa teve mais quatro pontos de ventas abertos e espera mais 15 até o fim do ano.

Além da venda de produtos, são comuns as franquias voltadas para serviços especializados. Nesse situação, diz Friedheim, o critério de escolha da marca tem de ser mais rigoroso.

"Nesse caso é diferente de comprar o produto acabado para entregar ao cliente. No serviço, é preciso ver os aspectos da vigilância sanitária, além de estar preocupado em relação à capacitação para prestar o serviço", diz. Ele também recomenda que seja verificado como o franqueador acompanha a prestação do serviço dentro da rede de franqueados.

Diante das possibilidades e interesses de empresários em investir nesse tipo de negócios, Fortaleza tem recebido serviços que vão desde os cuidados com o corpo até os mais específicos, como de design de sobrancelha. A Capital cearense foi, por exemplo, a primeira cidade do País a ter, em 2009, uma franquia do grupo espanhol Não + Pêlo, voltada para fotodepilação.

No Estado

Conforme a empresa, as franquias são vendidas por bairros e pela densidade populacional. "A praça de Fortaleza foi vendida em apenas 4 meses. Temos, felizmente, muitas pessoas interessadas em abrir uma franquia na Capital cearense, mas, de momento, a expansão da rede nesta cidade especifica não está em desenvolvimento". Das 341 unidades do País e 56 do Nordeste, 11 estão no Ceará, sendo duas no Interior.

No Estado, o volume de negócios é de cerca de R$ 2 milhões por ano. As unidades da Capital atendem uma média de 14 clientes por dia, somando cerca de 4 mil clientes.

Por outro lado, se Fortaleza atrai franquias estrangeiras, daqui também nascem e saem marcas para o resto do Brasil. O grupo Maura Lima, especialista em sobrancelha, foi fundada em 2002, mas começou a trabalhar com franquias em julho do ano passado - após dois anos de estudo de mercado.

A expectativa da empresa é fechar 2013 com 100 unidades comercializadas e 50 em operação. Em um ano com as franquias, o grupo já tem 75 lojas pelo Brasil, das quais 7 estão no Ceará. No último trimestre de 2012, foram inauguradas 9 lojas e mais 20 no primeiro semestre deste ano no Estado. (GR)


Ainda falta estrutura para formação

Se a profissionalização na área de beleza tem sido cada vez mais importante, e o número de cursos tem sido crescente, ainda falta uma boa estrutura educacional para formar mão de obra nos padrões desejáveis, conforme o advogado do Sindicato das Empresas de Serviços de Beleza do Ceará (Sindibel-CE), Joufre Montenegro.

Os profissionais dos salões, de modo geral, recebem um percentual sobre o serviço prestado FOTO: LUCAS DE MENEZES

"Imaginamos que o futuro o profissional cabeleireiro vai precisar ter formação em nível superior, tendo em conta a necessidade dos conhecimentos práticos e teóricos relativo a cabelo, pele, unha, produtos e seus efeitos, psicologia no trato com as pessoas, formação básica sobre riscos para a saúde e profundos conhecimentos de tricologia, a ciência que estudo o cabelo.

Ele ressalta que seria interessante "um disciplinamento legal específico que tome em consideração aspectos próprios da atividade". Isso porque, destaca, os profissionais que trabalham nos salões de beleza, de modo geral, não se sujeitam a receber o salário mínimo ou o piso salarial da categoria. Segundo Joufre, os profissionais não são pagos mediante salário e são remunerados com base em um percentual que varia de 40% a 60% sobre o valor pago pelo cliente pelo serviço prestado nos salões de beleza.

Relação de trabalho

"O valor auferido com a prestação de serviços é repartido entre o dono do salão e o profissional. Este valor varia de profissional para profissional, a depender do nível técnico, especialidade e renome deste profissional. Não se trata de relação de emprego, mas uma relação autônoma, em que geralmente há a celebração de contrato de parceria entre as partes", afirma. (GR)

Preparação é fundamental

Meios para abrir um negócio não está nas mãos apenas dos grandes empresários. Não é à toa que inúmeros cabeleireiros, depiladores e manicures, por exemplo, conseguiram montar um empreendimento próprio.

Proprietária de salão há 12 anos, Marcília Kelly começou como manicure e, agora, vai contratar uma consultoria para o negócio próprio FOTO: LUCAS DE MENEZES

Para quem já tem noção do trabalho que irá desenvolver, o mais importante é buscar auxílio para montar um plano de negócios e calcular os custos, segundo o gestor de projetos na área de comércio e serviços do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-CE), Lúcio Gurgel.

"Com a conversa com a consultoria especializada na área, a pessoa começa a ter as primeiras orientações para colocar no papel como irá funcionar, as despesas e gastos, estimar todo o trabalho que vai fazer e como vai angariar clientes", exemplifica

O ideal, afirma Lúcio, é fazer uma pesquisa do ambiente onde se vai montar o negócio, para identificar o público consumidor e ver se está adequado ao bairro onde está instalado. O gestor do Sebrae-CE explica que existem dois tipos de perfis de pessoas que procuram montar negócios na área: o profissional que está empregado em outro salão e vê uma possibilidade, após preparação financeira, e outro que vai, empresarialmente, em busca de dinheiro com o negócio, mas não atua na área.

Para os que se enquadram na segunda opção, destaca Lúcio Gurgel, é fundamental fazer cursos para se poder identificar profissionais talentosos e fazer a triagem na hora de uma seleção. "Hoje temos parceiros como o sistema Senac, que faz um excelente trabalho de formação profissional", destaca

Já no caso dos primeiros, o ideal é ter orientação, principalmente, para adquirir noções de administração financeira. Além destes dois perfis, ele afirma que existe uma gama cada vez maior de fornecedores de produtos cearenses, que vem aproveitando a expansão do setor no Estado.

Possibilidades

Proprietária de um salão de beleza há 12 anos, Marcília Kelly Garcez, 41, está dentro do perfil daqueles que encontram a profissão antes mesmo de pensar em abrir um negócio. Ela começou como manicure aos 15 anos de idade, ainda quando morava em um distrito do município de Redenção e, com o passar dos anos, ampliou os serviços oferecidos.

Casada e morando em Fortaleza, no bairro São Gerardo, ela passou a trabalhar indo na casa das clientes. Com a vinda dos filhos, Marcília decidiu oferecer os serviços em casa. "Coloquei uma cadeira e um espelho na sala e comecei a trabalhar. Para lavar o cabelo, a cliente tinha que ir para o quintal. Acredito que muita gente comece dessa forma, mas acredito que você tem que estudar e continuar se reciclando para dar certo", diz.

Nos primeiros seis meses com o salão improvisado, Marcília comprou um lavatório. Desde então, as expansões foram constantes e vieram junto com a formalização como microempresa. Foram mais de quatro reformas até toda casa abrigar apenas o negócio.

"Saí e fui morar na mesma rua. Troquei o piso, fiz um novo banheiro. Minha salinha de jantar virou a sala de banho de lua e o quarto do meu filho a de depilação", relembra.

Hoje, ela conta com o auxílio de cinco manicures, três cabeleireiras, uma recepcionista e uma esteticista, que tem uma sala dentro do salão. "Meu marido ajuda na parte de administrar e, há menos de dois meses, contratei uma consultoria para padronizar os procedimentos do salão", destaca.

Segundo ela, além da profissionalização, é preciso conquistar e fidelizar o cliente. "Procuro ser o mais honesta possível. Se o cliente que uma cor de cabelo e eu sei que a coloração vai ser diferente da que ele usa, explico, coloco na frente dele. Também temos muito cuidado com a limpeza", comenta. (GR)
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