Foster: 'superguerreiros lutem pela Petrobras'

O novo presidente da estatal assume hoje e tem como desafio conseguir que o balanço financeiro de todo o ano de 2014 seja auditado

Escrito por Redação ,
Legenda: Graça Foster deixa Petrobras demonstrando ter sido emocionalmente atingida. Ela desistiu de ler discurso com a voz embargada
Foto: FOTO: AGÊNCIA BRASIL

São Paulo A ex-presidente da Petrobras Graça Foster deixou uma mensagem de despedida aos funcionários, a quem chamou de "superguerreiros", pedindo que continuem trabalhando firme pela companhia. A mensagem foi enviada na sexta-feira (6), data da reunião de Conselho da empresa que nomeou seu substituto Aldemir Bendine, até então presidente do Banco do Brasil. O e-mail foi disparado para toda a força de trabalho da Petrobras Controladora.

"Meus amigos, serei eternamente grata a vocês, superguerreiros e superguerreiras. Continuem trabalhando firme pela Petrobras, por ela - pela Petrobras. Determinados e confiantes em prol da prosperidade de nossa companhia". E encerra a mensagem com "Saudades de vocês", assinando apenas "Graça".

Conforme nota publicada sábado (7), a ex-presidente se mostrou abalada emocionalmente durante reunião do Conselho de Administração da estatal. Graça chegou a preparar um longo discurso de despedida para apresentar na reunião, que discorria sobre seu início como estagiária até o comando da petroleira, mas com a voz embargada desistiu nos primeiros parágrafos.

Desabafo

A leitura do texto seria um desabafo da funcionária de carreira. O clima entre os cinco diretores que renunciaram na semana passada era de exaustão. Eles nem sequer foram a São Paulo, onde estavam os demais conselheiros, como costumavam fazer. Participaram do encontro por meio de teleconferência, de uma sala da sede da Petrobras, no centro do Rio. Até mesmo o terno e a gravata foram abandonados pelo ex-diretor financeiro Almir Barbassa. Ele vestia uma camisa social, mais esportiva.

Em São Paulo, o clima era de constrangimento entre os conselheiros independentes - representantes de acionistas minoritários e empregados - e o presidente do conselho e principal representante da União, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os independentes não gostaram de saber da escolha de Aldemir Bendine para a presidência da companhia. Mantega foi surpreendido com a nomeação para a Diretoria Financeira e de Relação com Investidores de Ivan Monteiro, de quem desconhecia o sobrenome.

Bendine e Monteiro assumem de fato a Petrobras hoje (9). Eles vão encarar o desafio de, no prazo máximo de quatro meses, conseguirem que o balanço financeiro de todo o ano de 2014 seja auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) a ponto de divulgá-lo ao mercado. Se não conseguirem, a empresa corre o risco de afundar em uma crise financeira ainda pior, por causa da cobrança antecipada de dívidas, como preveem contratos de financiamento.

Inexperiência de Bendine

O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, vê como um grande risco a "inexperiência de Bendine no setor de petróleo". O novo presidente da estatal vem do Banco do Brasil.

"Infelizmente o novo presidente não atende a requisitos essenciais. Um deles é conhecimento do setor de petróleo", avaliou. Já o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio Alfredo Renaut, ressalta o desafio de Bendine em recuperar a credibilidade da petroleira.

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