Fortaleza: prévia da inflação se acelera

Apesar disso, a variação na Capital cearense foi a quinta menor do País e ficou abaixo da média nacional (0,78%)

Escrito por Redação ,
Legenda: A batata inglesa foi o produto que mais subiu (27,36%). Em seguida, aparece o tomate, com alta de (21,91%)
Foto: FOTO: NEYSLA ROCHA

Os preços dos produtos e serviços em Fortaleza voltaram a acelerar neste mês, embora ainda apresentem uma variação menor que a anotada em outras grandes capitais do País. De acordo com a prévia oficial da inflação de abril, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a alta nos preços de Fortaleza nos primeiros quinze dias deste mês já atingiu 0,66%, percentual maior que o anotado em igual período de março (0,54%). Apesar disso, a variação registrada na Capital cearense neste mês de abril foi a quinta menor do País - dentre as 12 cidades pesquisadas - e ficou abaixo da média nacional (0,78%).

De acordo com o levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de alimentação e bebidas, que possui o maior peso na composição do índice, foi o que mais subiu no período: 1,48%. Dentro deste grupo, os destaques foram a batata inglesa e o tomate, cujos preços subiram 27,36% e 21,91%, respectivamente. As outras principais altas também ocorreram em produtos alimentícios, tais como: mamão (12,18%), banana-prata (10,56%), peito (8,66%), cheiro-verde (7,16%), costela (6,96%) e acém (6,87%).

Entre as principais reduções de preços, também estão itens de alimentação. A maior queda ocorreu no maracujá: -16,13%. Em seguida, aparecem passagem aérea (-10,69%), maçã (-3,25%), fígado (-3,24%) e aparelho de som (2,94%).

Acumulado

No acumulado deste ano, o IPCA-15 já variou 1,90% em Fortaleza. O percentual é o segundo menor do País para o período, atrás apenas do anotado em Belém (1,89%).

A prévia da inflação acumulada na Capital cearense também está bem abaixo da média nacional, que está em 2,91%.

Já no acumulado em 12 meses, a prévia da inflação em Fortaleza é a terceira menor do País, com uma variação de 5,36%, atrás de Salvador (5,06%) e Belém (4,29%). No período, a média nacional é de 6,19%.

Brasil

No País, o IPCA-15 de abril variou 0,78%, ante uma alta de 0,73% em igual período de março. Os alimentos também foram os principais responsáveis pela elevação do índice. Conforme o IBGE, os preços dos alimentos aceleraram o ritmo de alta para 1,84% em abril, contra uma variação positiva de 1,11% registrada em março. Como resultado, o grupo Alimentação e Bebidas teve um impacto de 0,45 ponto porcentual para a inflação medida pelo indicador neste mês, o equivalente a 58% da taxa efetiva de 0,78% do IPCA-15.

Neste mês as lideranças na relação dos impactos individuais também se concentraram nos alimentos. O item que mais contribuiu para o IPCA-15 foram as carnes, com contribuição de 0,07 ponto porcentual. Os preços subiram 2,83%. No ranking de maiores contribuições para a inflação do mês, a segunda posição ficou com a batata, cuja alta de 26,96% gerou um impacto de 0,06 ponto porcentual. O leite veio em terceiro, com alta de 5,70% no preço do litro, o equivalente a um impacto de 0,05 ponto porcentual. O tomate ficou com o quarto lugar na lista, com aumento de 14,80%, empatado com a gasolina, que subiu 0,93%. Os dois itens tiveram impacto de 0,04 ponto porcentual no IPCA-15 de abril.

Indexação ainda afeta economia

Brasília/Fortaleza. "Herança" da época de hiperinflação, há cerca de 20 anos, a chamada indexação ainda afeta a economia do País e influencia diretamente na elevação dos preços de alguns produtos e serviços, mesmo após quase 20 anos da implantação do Plano Real.

Atualmente, os preços indexados pesam, aproximadamente, 30% no índice oficial de inflação, sofrendo a influência da alta de preços passada. Isso significa que o fato de terem subido no período anterior faz com que eles carreguem a inflação para a frente. Com a alta de alguns preços, a inflação sobe. E é essa inflação que é usada para calcular o reajuste dos produtos e serviços que têm preço indexado. Desse modo, esses preços sobem e geram uma nova inflação, virando um ciclo que se repete.

No Brasil, a indexação teve seu auge na década de 1980, fazendo com que os salários, que também eram indexados, fossem corrigidos pela inflação do mês anterior. Como consequência, os salários subiam sempre. Por outro lado, o poder de compra só caía, com os preços subindo pelo menos na mesma medida. Historicamente, a indexação é fruto da hiperinflação do passado, quando o objetivo de indexar os preços era proteger empresas, governo e população da inflação, contudo, a medida acabava gerando mais inflação.

Mas não é apenas inflação que indexa os preços. O dólar é outro ativo de indexação. Considerando também a moeda norte-americana, a indexação teria um peso maior ainda na economia brasileira. Hoje, existem três "grupos" de preços: os que são influenciados pela variação do dólar (produtos comercializáveis), os preços livres (dependem da oferta, da demanda e da concorrência) e os preços administrados (cujos reajustes dependem da inflação passada e da autorização do governo).

De acordo com especialistas, para desindexar a economia, o primeiro passo seria um comprometimento maior com a inflação, levando para aproximadamente 4,5%. Além disso, em relação aos preços administrados, uma medida que ajudaria seria fazer com que os contratos de concessões de serviços públicos fossem corrigidos de acordo com os custos e rentabilidade de cada setor, eliminando o automatismo da reposição dos índices de preços.

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