Fortaleza: menor inflação para janeiro desde 2012

Com o resultado, o índice acumulado em 12 meses para a Capital é o quarto mais baixo do País (2,86%)

Escrito por Ingrid Coelho - Repórter ,
Legenda: O salto de 23,64% no preço da batata ajudou a impulsionar a inflação no grupo tubérculos, raízes e legumes (26,04%)

Influenciada, entre outros fatores, pela entrada da bandeira verde nas contas de energia elétrica em janeiro, a inflação oficial de Fortaleza medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou desaceleração no primeiro mês do ano ao registrar variação de 0,34% nos preços em janeiro ante alta de 0,54% em dezembro. Este é o menor índice para meses de janeiro desde 2012, quando o IPCA da Capital cearense havia apresentado variação de 0,07%.

Com o resultado de janeiro, em 12 meses, o índice de preços acumula avanço de 1,99%, dado que coloca Fortaleza como a detentora da quarta inflação mais baixa nessa base de comparação entre todas as 13 pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que divulgou ontem (8) os dados referentes ao mês passado. Já na base de comparação mensal, Fortaleza tem o quinto maior índice do País, atrás de Vitória (0,70%); Porto Alegre (0,68%); Rio de Janeiro (0,42%) e Salvador, com inflação de 0,35%.

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Apesar da desaceleração do índice em janeiro, o grupo alimentação, com destaque para o subgrupo tubérculos, raízes e legumes, cujos preços subiram 26,04%, impediu uma desaceleração maior. Dentro do subgrupo, contribuíram para o resultado as altas nos preços do tomate(34,35%); da batata-inglesa (23,64%); cenoura (22,43%) e da cebola (20,69%).

Chuva

De acordo com a economista Elizama Paiva, caso o ritmo de chuvas observado nas últimas semanas se mantenha, a tendência é que os alimentos passem a pressionar menos o índice. "Se continuar essa estimativa de chuva, a gente consegue segurar os preços dos alimentos", diz, acrescentando que Fortaleza recebe a produção de regiões como a da Ibiapaba, Jaguaribe e Baturité, além da produção de feijão na região do Cariri, com destaque para o município de Mauriti e para Quixeramobim.

"Chuva no Nordeste é sempre motivo de alegria. A chuva da qual nós precisamos para a produção é aquela chuva controlada, que não é torrencial e é isso que nós temos observado em janeiro: ela vem caindo com cetro equilíbrio", diz. Ela destaca ainda que a chuva ajuda porque em algumas situações torna desnecessário importar certo produto de outro estado. "Quando a gente importa um produto, o frete sai muito caro", diz, lembrando as expressivas variações no preço dos combustíveis.

Deflações

Impediram um avanço maior do índice as deflações observadas nos preços dos artigos de maquiagem (-10,65%); farinha de mandioca (-5,82%); laranja-pera (-5,69%); feijão-macassar (-5,68%) e energia elétrica residencial (-4,55%), com o impacto da bandeira verde que entrou em vigor no primeiro dia do ano.

Ainda passando por uma correção nos preços após longo período de alta em meados de 2016, os preços do feijão devem continuar a despencar em 2018, conforme avaliação da economista Elizama Paiva.

"A tendência é que ele continue a cair devido à expansão da área plantada. O feijão chegou a R$ 12 e hoje é possível encontrar o quilo a R$ 3", frisa Elizama. Além do feijão oriundo da região do Cariri e Quixeramobim, boa parte do produto consumido pelos fortalezenses vem de Irecê (BA). "A gente tem visto uma boa produção em Irecê", finaliza a economista.

Brasil

No País, a inflação oficial medida pelo IBGE ficou em 0,29%, um pouco abaixo da registrada em Fortaleza. Apesar do dado, que indica desaceleração em relação ao mês de dezembro (0,44%), a variação acumulada em 12 meses chega a 2,86%. Em janeiro de 2017, o índice havia ficado em 0,38%.

A inflação de janeiro é a menor para o mês desde o Plano Real, em 1994. As principais altas ficaram por conta dos transportes (1,10%) e alimentos (0,74%). Também apresentaram alta nos preços os grupos de saúde e cuidados pessoais (0,42%); despesas pessoais (0,22%); educação (0,22%) e artigos de residência (0,14%).

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