Férias animam setor produtivo, mas sem euforia

Empresários se preparam para demanda igual ou um pouco melhor à das férias do ano passado

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Barracas de praia estão preparadas para um incremento de até 50% na demanda do fim de semana, igual patamar observado nas férias de julho do ano passado. Ainda há oportunidades para vagas temporárias
Foto: Foto: Kiko Silva

Com o início das férias de julho e da alta temporada, representantes dos setores de comércio e serviços esperam, pelo menos, igualar o faturamento do período ao que foi percebido no mesmo mês do ano passado. São esperados cerca de 350 mil visitantes na Capital cearense, que devem injetar cerca de R$ 1 bilhão na economia local, conforme projeção da secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor).

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH-CE) projeta uma taxa média de ocupação em torno de 65% no período. Já a Associação de Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT) espera ter 75% de ocupação. Os donos de barracas na Praia do Futuro, por sua vez, avaliam um incremento de 30% a 40% na clientela durante a semana e de até 50% aos domingos, em comparação à baixa estação.

De acordo com Flávio Costa, vice-presidente da Associação de Empresários da Praia do Futuro (AEPF), a expectativa é de que a movimentação no período chegue ao mesmo patamar que alcançou nas férias do ano passado.

Ele afirma que, até agora, o fluxo de clientes vem melhorando lentamente, o que atribui aos cursos e faculdades que ainda estão em época de aulas e de provas. "O mês de julho está cada vez mais curto, ainda tem muita gente estudando. Esperamos que, a partir da segunda semana, o movimento aumente mais", destaca Costa.

E ainda há oportunidades de emprego no setor, uma vez que, para se preparar para o aumento de demanda, os empresários da Praia do Futuro costumam contratar cerca de 300 temporários, segundo o vice-presidente. Ele conta que, até agora, os postos de trabalho não foram completamente preenchidos por não ter aparecido o número suficiente de candidatos.

Nos restaurantes da Capital também se espera uma melhora do movimento, mas nada comparado a anos anteriores, conforme aponta Moraes Neto, presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado do Ceará (Sindrest-CE). "A expectativa é que se tenha um incremento (na demanda), mas abaixo do que tínhamos em anos anteriores. Vai depender muito do turista nacional".

Ele aponta que a maior parte dos turistas nessa época vem das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, fugindo do frio. Para Moraes, os estrangeiros, além de serem esperados em maior volume somente a partir do mês de agosto, devem preferir ir ao Rio de Janeiro, neste ano, para acompanhar os jogos das Olimpíadas. "Até mesmo turistas nacionais devem ficar por lá (no Rio). Isso nos preocupa", pondera.

Em relação à vaga de empregos temporários, o presidente afirma que os empresários ainda estão muito receosos com os efeitos da crise econômica, de forma que não há uma movimentação definida para a contratação de profissionais extras para a alta temporada.

Artesanato

Para os comerciantes do Mercado Central, a expectativa é que as vendas aumentem cerca de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo João Eudes, presidente da Associação dos Lojistas do Mercado Central, as férias de julho do ano passado não alcançaram a expectativa do segmento. Para isso, ele conta que foram intensificadas ações de divulgação do mercado em congressos, hotéis e pousadas.

Bazar

Já os empresários da Avenida Monsenhor Tabosa preparam a segunda edição do bazar local, nos dias 15 e 16 de julho, para atrair tanto consumidores locais como turistas. Na edição do ano passado, o evento contou com descontos de até 70% em mais de 400 lojas e reuniu 30 mil pessoas nos dois dias, contando com a realização de shows e espaço de parquinho para as crianças. De acordo com Antônio Cruz Gonçalves, presidente da Associação dos Lojistas da Monsenhor Tabosa (Almont), os lojistas pretendem, pelo menos, alcançar a mesma quantidade de clientes que no ano passado. "Nesse cenário de crise, com queda de vendas, temos que sair da zona de conforto e buscar soluções práticas. Vamos trazer atrações, shows, tudo para que os consumidores saiam 'da toca'", diz o presidente.

Comércio otimista

Para o comércio em geral, as expectativas também são positivas. Segundo Cid Alves, presidente do presidente do Sindicato dos Lojistas de Fortaleza (Sindilojas), um nova onda de otimismo deve fazer com que os consumidores voltem a consumir mais. Ele avalia que, neste ano, as vendas em julho devem superar as do mesmo mês no ano passado. "O quadro está muito bom no período de férias, até mesmo por conta da valorização do dólar", aponta.

Ele destaca ainda que, embora não haja previsão de contratações, o setor está desempregando menos. "Meu sentimento, diante do cenário de otimismo e de crescimento das vendas, é que deveremos consolidar um número menor de desempregados ao longo dos próximos meses. Esse índice vinha em uma crescente acentuada, e, agora, mesmo que ainda em uma crescente, está mais atenuada".

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