'Feriados geram perdas de até R$ 15,5 bi para o varejo'
Rio. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) considera que o excesso de feriados ao longo deste ano, muitos dos quais em dias imprensados com os fins de semana, vai impor ao comércio brasileiro "prejuízos na lucratividade" de cerca de R$ 15,5 bilhões, em 2015 - dado 22,5% maior que em 2014, já descontada a expectativa de inflação prevista para 2015.
"Além do menor número de dias úteis no ano corrente, contribui para o agravamento das perdas decorrentes do maior número de feriados a crescente relação folha de pagamento/receita operacional no comércio brasileiro em curso desde 2009", mostra a CNC.
A entidade lembra que, no ano passado, além do expediente reduzido na quarta-feira de cinzas (5 de março) e também em 15 de novembro (sábado), outros sete feriados nacionais integrais ocorreram em dias úteis para o comércio.
Maiores custos
"Em 2015, o maior número de interrupções ocorrerá em função de dez feriados integrais entre segundas e sextas-feiras, além do meio expediente da quarta-feira de cinzas (18 de fevereiro)". Para a Confederação, além de perdas parciais de vendas - parte dessas transações são concretizadas antes ou após os dias não úteis -, o fechamento dos estabelecimentos ou a opção pela abertura das lojas em dias não úteis "compromete a lucratividade do setor por meio da elevação extraordinária dos custos trabalhistas decorrentes das operações nesses dias".
As estimativas da CNC baseadas nos dados mais recentes da Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apontam para a primeira queda do varejo ampliado nos últimos dez anos.
Opinião do especialista
Parte do setor irá se beneficiar
Em determinados segmentos, certamente os feriados terão um impacto negativo. Entretanto, não podemos desconsiderar o fato de que vários outros setores, principalmente os ligados ao turismo, deverão ter ganhos. Entre eles, estão os segmentos relacionados a alimentação e hospedaria, por exemplo.
Também temos que levar em consideração o fato de que o Ceará tem suas especificidades. Não podemos transportar para cá paisagens que não são nossas, precisamos viver a nossa realidade. Se vai haver feriados imprensados, então vamos atrair os turistas, vamos fazer com que eles fiquem aqui e gastem aqui.
Ainda que este seja um ano de aumentos e de ajustes na economia, essa alta do dólar deve influenciar o turismo interno. Não podemos simplesmente lamentar as dificuldades. Pelo contrário, temos que trabalhar para aproveitar as oportunidades.
Apesar das adversidades, sempre tem algo de bom acontecendo e é preciso que a gente aproveite as compensações. Grande parte desses feriados de 2015 já eram esperados. Não vejo motivo para real para a preocupação do setor no Ceará.
Freitas Cordeiro
Presidente da FCDL Ceará