Falta de pagamento já motivou 2 mil demissões

Segundo o Sinduscon, caso não haja data para os repasses, outros trabalhadores podem ser demitidos no Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), os atrasos nos repasses federais já contam com cerca de 60 dias, tendo sido interrompidos desde as eleições presidenciais
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Já tendo resultado na diminuição do ritmo de obras e na redução do número de postos de trabalho, o atraso no pagamento às construtoras que executam obras do programa Minha Casa, Minha Vida pode gerar novas demissões, ainda neste ano, no Ceará. Caso os repasses esperados não aconteçam nas próximas semanas, as perdas deverão ser estendidas para diversos segmentos além da construção civil, a exemplo de empresas dos ramos de serraria, marmoraria, cimento e cerâmica.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro os atrasos nos repasses federais somam cerca de 60 dias. "Antes, a regra era o pagamento ser feito dois dias depois da medição (etapa em que fiscais da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil examinam o andamento da obra). Em julho, o governo aumentou esse prazo pra 15 dias. O problema é que, desde as eleições, não houve mais pagamento. E agora ninguém sabe mais como vai ser a nova regra", conta.

Conforme Montenegro, as dúvidas quanto às próximas datas de pagamento são hoje o maior obstáculo para que o setor mantenha as vagas dos trabalhadores. "Nós já tivemos em torno de 2 mil pessoas (demitidas). Se o governo não sinalizar com a data do pagamento ou com a forma nova que o pagamento vai ser feito, nós teremos demissões, a partir de sexta-feira, bastante grandes. Nós estimamos que sejam em torno de 3 mil a 4 mil pessoas", salienta.

Montante

O presidente do Sinduscon-CE disse não poder precisar quanto somam os repasses atrasados no Ceará, já que nem todas as empresas que realizam o serviço no Estado são vinculadas ao sindicato. No Brasil, destaca, o montante totaliza entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões.

Efeito na cadeia

Segundo o presidente eleito do Sindicato das Indústrias de Cerâmicas e Premoldados do Ceará (Sindicerâmica), Marcelo Tavares, as fábricas do setor ainda não sentiram fortemente os impactos do atraso porque muitas das construtoras clientes têm arcado com a demora nos repasses com o próprio capital. Entretanto, ressalta, há o receio de que, diante do estoque de materiais, haja demissões nas empresas, no curto prazo, sobretudo porque em torno de 95% das fábricas é de pequeno porte.

Sem resposta

Na tarde de ontem, a reportagem questionou ao Ministério das Cidades - a quem cabe gerenciar os repasses - por que os pagamentos estavam atrasados, quanto eles somavam e quando seriam retomados. Embora não tenha comentado as declarações feitas, nas últimas semanas, por diversas entidades ligadas à construção civil, a pasta não respondeu nenhuma das perguntas e limitou-se a afirmar que "o cronograma de pagamentos do programa Minha Casa Minha Vida segue com o fluxo normal".

João Moura
Repórter

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