Estados Unidos suspendem tarifas ao aço do Brasil

Escrito por Redação ,
Legenda: Os EUA são os maiores consumidores do aço brasileiro, com uma importação de US$ 2,6 bilhões por ano. Imposição de tarifas pode causar perdas de US$ 1,3 bi

São Paulo/Fortaleza. Em audiência no Congresso, o representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, anunciou que Brasil, Coreia do Sul, Argentina, Austrália e União Europeia, além dos anteriormente anunciados Canadá e México, terão as tarifas sobre aço e alumínio suspensas enquanto negociam a exclusão definitiva das sobretaxas, até 30 de abril.

Segundo Lighthizer, esses países ficarão temporariamente isentos das sobretaxas de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio enquanto os governos dos países negociam a exclusão definitiva.

De acordo com Lighthizer, o presidente Donald Trump decidiu fazer uma pausa na imposição de tarifas sobre esses países.

Rússia, Turquia. Japão, Taiwan, China e Índia, que estão entre os 10 maiores exportadores, não estão na lista de suspensão e as tarifas passam a incidir sobre os produtos desses países a partir desta sexta-feira (23).

Nesta quarta-feira (21), o presidente Michel Temer havia dito, em referência a uma mensagem da Casa Branca, que os EUA iriam suspender as sobretaxas sobre o aço brasileiro. No entanto, o governo não havia recebido uma confirmação oficial dos americanos naquele momento.

O secretário de comércio dos EUA, Wilbur Ross, afirmou em audiência na Câmara, ontem, que existe a possibilidade de as tarifas serem elevadas para os países que ficarem de fora da isenção definitiva das sobretaxas. Haverá duas linhas de negociação para exclusão definitiva das tarifas - país a país, e por produto específico.

Negociação

O secretário disse que um dos principais pontos na negociação país a país para exclusão definitiva será a colaboração para combater o excesso de capacidade de produção da China, que vem deprimindo os preços mundiais dos metais.

Para isenção de produtos de tarifas, indústrias americanas que importam aço, como as de eletrodomésticos e automóveis, devem entrar com pedidos no Departamento de Comércio argumentando que as sobretaxas podem encarecer o produto final e que não há substitutos nacionais em quantidade ou qualidade suficientes.

Ross disse esperar que o processo de avaliação das isenções requisitadas pelas indústrias americanas leve menos do que os 90 dias previstos.

"Estamos em contato com a agência de imigração e alfândega e haverá estabelecimento de 'Escrow accounts' (conta garantia, depósito caução) dessas tarifas", informou Ross. As tarifas entram em vigor hoje (23).

Importações

Os EUA são os maiores consumidores do aço brasileiro, com importação anual de US$ 2,6 bilhões. Segundo estimativa da Camex, a imposição das tarifas poderia causar uma perda anual de US$ 1,3 bilhão nas exportações.

Ross negou que as tarifas terão impacto negativo para o consumidor americano, porque levarão ao aumento dos preços finais dos produtos que usam aço e alumínio importado. "As tarifas vão causar um aumento de US$ 4 nos automóveis. É um preço justo para proteger a segurança nacional", disse, referindo-se à justificativa do governo para a imposição das tarifas. O argumento é que as importações ameaçam a indústria siderúrgica e de alumínio, que seriam vitais para a segurança nacional. Ele afirmou não temer retaliações contra o setor agrícola.

Vitória

Para a gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ana Karina Frota, a suspensão representa uma vitória para o setor. "Acreditamos que, pelos EUA serem um grande parceiro comercial, o Brasil ficaria de fora da cobrança, como no caso de México e Canadá. Acreditamos como principal possibilidade, que o governo brasileiro iria conseguir elevar nossa negociação a esse nível. Para nós, é uma vitória", afirmou.

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