Estado fecha 2 mil vagas formais em março

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, este foi o pior resultado para o mês na série histórica do Caged

Escrito por Redação ,

Após obter um resultado surpreendente em fevereiro, com a criação de 7.231 empregos celetistas, o Ceará voltou a apresentar saldo negativo na geração de postos formais em março, quando 2 mil vagas foram extintas no Estado. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), esse foi o pior resultado para um mês de março em toda a série histórica do levantamento, que computa dados desde o ano de 2003.

De acordo com o Caged, o desempenho ruim do Ceará em março foi puxado principalmente pela queda de emprego formal no comércio (-1.306 postos) e agropecuária (-631). O Sine/IDT, aliás, já havia alertado no mês passado que o primeiro trimestre tradicionalmente não costuma ser favorável para o trabalhador cearense. O resultado divulgado ontem também representa uma retração de 0,17% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada do mês imediatamente anterior.

Construção civil

Outro setor que apresentou queda acentuada de postos formais em março foi a construção civil, que extinguiu 560 empregos celetistas. Conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, esse número, porém, não é muito significativo dentro do setor como um todo. "A construção civil emprega cerca de 90 mil pessoas em todo o Estado e é normal que, quando algumas grandes obras acabem, haja cortes como esse. Não é nada que represente uma tendência para os próximos meses", afirma.

Ainda conforme Montenegro, a construção civil deve apresentar uma grande quantidade de contratações a partir de maio, quando o setor começa a tocar 8 mil novas unidades do programa Minha Casa Minha Vida em Fortaleza. "Levando em conta que contratemos um operário para cada unidade, teremos, então, um total de 8 mil postos gerados ainda em 2014", diz.

Desempenho nordestino

A situação para o trabalhador nordestino, de uma forma geral, não foi das melhores em março. Para se ter uma ideia, entre os nove estados da região, o Ceará foi apenas o quinto que mais eliminou empregos celetistas no mês. Alagoas, por exemplo, teve uma queda de emprego cinco vezes maior do que a do Ceará, tendo fechado um total de 10.132 postos, dos quais mais de 9 mil foram na indústria de transformação. Os desempenhos de Pernambuco (-7.883), Paraíba (-3.694) e Maranhão (-2.637) também foram muito ruins.

Ainda na região Nordeste, apenas Piauí e Bahia apresentaram saldos positivos de empregos formais em março, tendo criado, respectivamente 983 e 631 novas vagas no mês.

No País, menor em 15 anos

Em âmbito nacional, foram criados 13.117 empregos formais em março deste ano, uma queda de 88,2% em relação ao mesmo período de 2013, conforme dados do Caged. Foi também o menor desempenho para o mês desde 1999. Apesar disso, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, disse ontem que está mantida a previsão de geração de 1,5 milhão de vagas formais até o final do ano.

O número é o resultado da diferença entre 1.767.969 contrações e 1.754.852 demissões e ficou abaixo das expectativas dos analistas. Em fevereiro, haviam sido criados 260,8 mil postos com carteira assinada.

Em 2013, contudo, foram geradas 344.984 empregos formais, saldo superior às 306.068 vagas geradas no primeiro trimestre de do ano passado. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, em 12 meses foram 1.027.406. Postos gerados.

Copa abrirá 175 mil vagas

O ministro Manoel Dias também afirmou ontem que os preparativos e a realização da Copa do Mundo, entre junho e julho, deve gerar 175 mil empregos formais. "Estamos iniciando agora o processo de construção e montagens das ações que vão ser desenvolvidas e os serviços, que estão contratando trabalhadores para o Mundial", disse.

Segundo ele, esses trabalhadores serão contratados de forma temporária, mas podem continuar após a realização do evento. "Muitos permanecerão, porque os estádios continuarão funcionando. Aquele que demonstrar qualidade para o exercício de funções certamente vai continuar", avaliou o ministro.

Desemprego de 5% no País é o menor desde 2002

Rio A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País caiu para 5%, menor patamar para o mês desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego, em 2002, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi menor até do que o verificado em fevereiro, o que contraria um movimento sazonal de dispensa de trabalhadores temporários após as festas de fim de ano.

No entanto, não houve geração de vagas. A população ocupada ficou estagnada em relação ao mesmo mês de 2013. Na comparação com fevereiro, foram eliminados 52 mil postos. Ainda assim, houve redução de 30 mil pessoas na fila do desemprego. A conclusão é que muitos aderiram à inatividade. "A taxa (de desemprego) caiu porque teve redução da população desocupada. Como a população ocupada está estável, então houve alta da inatividade", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Sobe número de inativos

Nos últimos meses, a taxa de desemprego se manteve em mínimas históricas graças à saída de pessoas do mercado de trabalho. Em um ano, a população não economicamente ativa aumentou 4,2%, o equivalente a 760 mil brasileiros em idade de trabalhar que desistiram de ter um emprego. Do total de inativos, 90% declaram que não procuraram uma vaga porque não têm desejo de trabalhar.

O aumento na renda, que permite que alguns membros da família deixem de ter um emprego, e a busca por mais instrução podem ser explicações para o fenômeno, citou Azeredo.

O cenário no mercado de trabalho ainda é de força, sem perspectivas de mudança, na avaliação da economista Mariana Hauer, do banco ABC Brasil. "Os dados não mostram nenhum sinal de desaquecimento ou de inverter essa tendência, está bem estável", disse a economista, que esperava uma taxa de desocupação maior para o mês, de 5,4%, em função da questão sazonal.

Projeções

Diante da persistência do desemprego em mínimas históricas, a consultoria Tendências reduziu a sua projeção para a taxa de desocupação média no ano, de 5,7% para 5,3%. "Como a população ocupada mantém um padrão de baixo crescimento, a taxa de desemprego permanece no menor patamar da série histórica em decorrência da queda da população economicamente ativa (PEA). A hipótese considerada de que haveria um retorno dessas pessoas ao mercado de trabalho não tem se concretizado e deve ocorrer, ao longo do ano, em menor magnitude", previu Rafael Bacciotti, economista da Tendências.

Já o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, aposta em uma elevação gradual da taxa de desemprego ao longo do ano, como consequência da moderação da ocupação em resposta à atividade econômica e da normalização da população economicamente ativa. "Nossa estimativa aponta aumento da taxa média de desemprego de 5,4% para 5,7% entre 2013 e 2014", projeta Barros, em análise do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco.

Áquila Leite
Repórter

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