Estado atinge resultado mediano nas exportações

Mesmo se destacando em alguns setores, como o calçadista, as exportações industriais do Ceará, de um modo geral, ainda não conseguiram deslanchar e ganhar participação significativa no comércio exterior brasileiro. De acordo com o estudo da CNI, em 2015, a indústria cearense comercializou US$ 745 milhões com outros países, o que colocou o Estado na décima quarta colocação entre as unidades da Federação, com participação de apenas 0,8% no total de exportações industriais do País.

Para o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Eduardo Bezerra, o fato de o Ceará ter baixa participação nas exportações nacionais da indústria pode ser explicado pela elevada concentração das mesmas em poucos estados do País.

"Estamos exatamente no meio do ranking nacional, com 13 acima de nós e outros 13 abaixo. Se levarmos em conta que só cinco estados (São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul) são responsáveis por 60% do comércio exterior de produtos industrializados do Brasil, pode-se dizer que cumprimos bem o papel que nos cabe", diz.

Melhores que a média

Segundo Bezerra, se for levado em conta os 10 maiores exportadores do País, a participação no mercado nacional sobe para 72%, o que deixa apenas 28% para as outras 17 unidades da Federação. "Olhando por esse lado, não é absurdo ficarmos em 14º lugar. Além disso, no primeiro trimestre de 2016, as exportações industriais do País caíram 8%, enquanto as do Ceará recuaram 5%. Isso mostra que não estamos piores que a média brasileira", reforça.

No geral, a indústria é responsável por 71,2% das exportações cearenses, sendo que os produtos manufaturados representam 48,5% do total comercializado.

Couro em destaque

Ainda segundo o estudo da CNI, o setor mais importante para as exportações industriais do Ceará é o de couros e calçados, que respondeu por 52,28% do total negociado com outros países em 2015. Para Eduardo Bezerra, o Estado é um exemplo de sucesso nesta atividade específica da indústria. "Não temos muito rebanho em solo cearense e, mesmo assim, estamos entre os três principais exportadores de couro do País", comenta.

Segundo ele, as indústria cearense compra os couros de estados como Mato Grosso, Goiás e Tocantins, posteriormente preparando o produto para o mercado internacional. "Nosso segredo é a qualidade. O couro sai do Ceará devidamente cortado e com acabamento especial. Para se ter uma ideia, a Audi utiliza o produto vindo de Cascavel em seus carros fabricados na Alemanha", complementa Bezerra.

Calçados bem demandados

Outro produto que é uma das bases de sustentação das exportações industriais do Ceará é o calçado, em especial aquele produzido na região do Cariri e em Sobral. Segundo o superintendente do CIN, trata-se de um item bastante demandado no mercado internacional, posto que ele é aquele que possui o melhor custo/benefício.

"Ele é tem mais qualidade do que o produto chinês e também é mais barato do que o calçado fino de couro fabricado em Franca, em São Paulo, e em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul", acrescenta. "São calçados utilizados, principalmente, para atividades do dia a dia, como para ir à escola ou ao trabalho", explica. Conforme o sistema AliceWeb, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações cearenses de calçados de borracha ou plásticos, com parte superior em tiras ou correias, fixados à sola por pregos, tachas, pinos e semelhantes já somaram US$ 22,7 milhões entre janeiro e março deste ano, enquanto o comércio de couros e peles, incluindo as tiras, de bovinos, preparados, divididos, com o lado flor acumularam US$ 21 milhões no mesmo período. (AL)