Eólicas adicionam 10 vezes mais energia à matriz do Estado
A potência instalada dos novos parques no Ceará em 2016 foi de 485 MW, ante 48 MW em 2015
O número de 2016 é dez vezes maior (910,4%) que a quantidade de capacidade energética adicionada ao Estado em 2015 (48 MW), de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), que divulgou ontem o Boletim Anual de Geração Eólica 2016.
A capacidade instalada total desse tipo de energia no Ceará – somando os antigos e novos parques – passou de 1,30 gigawatts (GW) em dezembro de 2015 para 1,78 (GW) em igual mês de 2016. Esse crescimento, de 36,9%, fez o Ceará subir da quarta para a terceira posição dentre os estados brasileiros com maior capacidade de geração de energia por meio dos ventos.
O Estado, que é pioneiro nesse tipo de fonte energética e já liderou o ranking, está atrás apenas da Bahia (1,89 GW) e Rio Grande do Norte (3,41 GW).
Potencialidades do Estado
A presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum, explica que o acréscimo de 485 MW de eólicas na matriz energética cearense em 2016 decorre de empreendimentos contratados em leilões realizados em 2013. “Esse foi o ano em que o Brasil mais contratou energia”, lembra a presidente. “O que se acrescenta (de capacidade) em um ano geralmente é resultado de três anos anteriores”, explica.
Com relação ao ranking de capacidade instalada total dos estados, Elbia Gannoum ressalta que, assim como Ceará, estados do Nordeste como Bahia, Piauí e Maranhão estão “aptos a vencer essa corrida” pelos bons ventos que possuem, mas o posicionamento frente aos demais depende muito “da política do governo estadual, de criar condições para esses investimentos” e de diversos outros fatores.
Nesse sentido, ela avalia que o Ceará está no caminho certo. “O governo fez uma política forte de retomada dos investimentos. É uma pena que no ano passado não tenha havido leilão. Há um fator que o estado não controla, que é a crise, a redução da demanda pela qual o Ceará e o Brasil como um todo estão passando. Com a retomada do crescimento econômico e dos leilões, com certeza teremos um aumento forte na geração de energia”, prevê.
Balanço nacional
Os dados da ABEEólica mostram ainda que 81 novos parques geradores de energia eólica adicionaram 2 GW à matriz elétrica brasileira no ano passado. De acordo com o Boletim Anual de Geração Eólica 2016, a adição destas capacidades fez com que o setor chegasse ao final do ano passado com 10,75 GW de capacidade instalada em 430 parques, representando 7% da matriz energética brasileira. De acordo com a publicação, foram gerados mais de 30 mil postos de trabalho em 2016 e o investimento no período foi de US$ 5,4 bilhões.
Citando dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a ABEEólica destaca que no ano passado a geração de energia eólica cresceu 55% em relação a 2015.
Abastecimento
No ano passado, diz a entidade, a energia eólica gerou energia equivalente ao abastecimento mensal de uma média de 17,27 milhões de residências por mês, o que equivale a cerca de 52 milhões de habitantes.
Isso significa um avanço de 58% em relação ao ano anterior, quando a energia eólica abasteceu 33 milhões de pessoas.
Recordes
O relatório da associação também mostra que o ano de 2016 foi de recordes para o setor eólico no País. Por exemplo: no Nordeste, no dia 5 de novembro de 2016, 52% da energia consumida foi proveniente do movimento de torres eólicas, segundo dados colhidos pela ABEEólica do Operador Nacional do Sistema (ONS).
O documento também mostra que no dia 30 de outubro do ano passado, 15% da energia consumida no Sul veio dessa fonte, mesmo percentual atingido em todo o Brasil, pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), no dia 2 de outubro.
A ABEEólica cita ainda dados do Global Wind Energy Council (GWEC), que mostram que o Brasil ultrapassou a Itália e ocupa agora a nona posição no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica.