Endividamento na Capital vai a 67,4%; maior patamar do ano

A inadimplência potencial também cresceu, passando de 8,7% em abril para 9,6% neste mês

Escrito por Redação ,

No mês da segunda melhor data em vendas para o comércio, o Dia das Mães, o endividamento em Fortaleza teve leve alta em maio ante abril, ao apresentar avanço de 0,7 ponto percentual. Atualmente, 67,4% dos consumidores possuem algum tipo de dívida, enquanto no mês anterior o índice estava em 66,7%, segundo a Pesquisa de Endividamento do Consumidor de Fortaleza. Apesar do pequeno crescimento, a taxa é maior desde janeiro, quando 64,7% dos consumidores estavam endividados.

Maurício Filizola, vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), instituição responsável pelo levantamento divulgado ontem (23), disse, entretanto, que não há motivos para preocupação quanto a alta taxa em relação aos meses anteriores.

"Tivemos uma pequena variação este mês, que é dentro do normal. Não é algo alarmante, tanto que na comparação com maio do ano passado o índice caiu um pouco", afirma. O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.409, com prazo médio de oito meses, comprometendo 36,2% da renda familiar.

A inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terá condições de honrar seus compromissos financeiros, também cresceu ao passar de 8,7% em abril para 9,6% neste mês (alta de 0,9 ponto percentual). Apesar da evolução ante o mês anterior, o resultado ainda é inferior à taxa de maio do ano passado (10,1%).

O meio de pagamento a prazo mais usado continua sendo o cartão de crédito, citado por 79,6% dos entrevistados para a pesquisa. Filizola explica que essa forma de pagamento traz uma certa garantia para o empresário. "O cartão de crédito dá uma segurança para o comerciante, permite que ele planeje o fluxo de caixa, embora ele pague taxas altas para as operadoras de crédito. Estamos, inclusive, brigando por taxas menores".

Já para o consumidor, o cartão de crédito pode virar uma dor de cabeça se não for usado com cautela, principalmente quando atrelado aos gastos com alimentação, que são constantes e altos. Esses itens continuam liderando entre as compras a prazo, com 60,5% das respostas dos consumidores. O vestuário vem em seguida como o item mais adquirido a prazo, com 29,4%.

Em terceiro estão os eletrodomésticos (18,6%), seguidos pelos gastos com educação (18%); tratamento de saúde (16,8%); eletroeletrônicos (15,9%) e aluguel residencial (15,2%). "As pessoas só tem que ter cuidado e planejamento, pois alguns supermercados, a partir de um certo valor, parcelam as compras em duas ou três vezes. Então é preciso averiguar se a junção das parcelas referente a meses anteriores não ultrapassa o que se pode pagar", alerta o vice-presidente da Fecomércio-CE.

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Desequilíbrio

Na pesquisa, o principal motivo apontado para o endividamento é o desequilíbrio financeiro, com 61,4%. No entanto, 77,2% dos consumidores afirmaram fazer orçamento e controle eficazes de rendimentos e gastos. "Isso é sinal de que a população vem tendo mais educação financeira. A crise trouxe esse aprendizado, ensinou as pessoas a aplicar o dinheiro da melhor forma possível", admite Filizola.

As mulheres são as mais endividadas (66,2%), com idade entre 25 e 34 anos (70,5%), ensino superior (65,7%) e renda familiar superior a dez salários mínimos (69,4%). "O desequilíbrio financeiro acontece quando se gasta mais do que o se ganha. E normalmente o que ocasiona isso é a falta de planejamento, que independe da renda. Se eu ganho muito e não me programo, posso ficar endividado do mesmo jeito que alguém que ganha menos", finaliza o porta-voz.

Organização

"Se eu ganho muito e não me programo, posso ficar endividado do mesmo jeito que alguém que ganha menos"

Maurício Filizola, vice-presidente da Fecomércio-CE

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