Em ano fraco, Bovespa perde mais empresas

Em meio a incertezas sobre a economia brasileira, investidores recompraram seus papéis no mercado

Escrito por Redação ,
Legenda: O atípico em 2014 foi justamente a escassez de IPOs, apontam as estatísticas da BM&FBovespa e os especialistas em mercado de capitais

São Paulo. O número de empresas que negocia ações na BM&FBovespa ficou menor este ano. Em meio às incertezas que pairam sobre a economia brasileira, apenas uma empresa seguiu até o fim em uma oferta inicial de ações (IPO) este ano, a Ourofino, de produtos veterinários. Enquanto o mercado estava fechado para novas emissões, cinco empresas fizeram ofertas públicas de aquisições de ações (OPAs) para recomprar seus papéis no mercado, resultando em um saldo negativo para a BM&FBovespa em 2014.

Todos os anos diversas empresas fecham o capital por razões como falta de liquidez das ações, alienação de controle ou para ter mais autonomia para gerir uma empresa com capital fechado. O atípico em 2014 foi justamente a escassez de IPOs, apontam as estatísticas da BM&FBovespa e os especialistas em mercado de capitais. Só neste ano, seis empresas desistiram de fazer suas ofertas já registradas, como JBS Foods e Sanepar, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E várias outras mantiveram seus planos de ingressar na Bolsa na geladeira.

Perda de atratividade

"A Bolsa perdeu atratividade para as empresas por questões macroeconômicas que inviabilizaram as ofertas de ações", afirmou o diretor para mercados globais da consultoria Strategy&, Ivan de Souza.

Fatores externos

Além de questões locais que trouxeram incertezas sobre a economia brasileira, como a Copa do Mundo e a eleição presidencial, fatores externos também pesaram contra as emissões de ações.

"O primeiro trimestre foi perdido. A expectativa era de que o Fed (Federal Reserve, o banco centra dos EUA) elevasse a taxa de juros, o que reduz o apetite por investimentos em países emergentes", disse o diretor da área de mercado de capitais do Credit Suisse, Marcelo Millen.

A volta dos IPOs em 2015 depende do cenário econômico. O mercado deve olhar com atenção o desempenho do ministro Joaquim Levy (Fazenda) e da equipe econômica do Banco Central para fazer um ajuste nas contas públicas, controlar a inflação e retomar o crescimento. Já existe uma lista de interessados em abrir o capital, que devem tirar suas ofertas do papel assim que encontrarem uma oportunidade. Hoje, há quatro pedidos de ofertas de ações em análise na CVM - da companhia aérea Azul, da JBS Foods, da locadora de veículos Ouro Verde e T4U, que aluga antenas de telefonia.

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