Economistas do CE estão otimistas quanto ao futuro

Das nove variáveis investigadas pela Fecomércio, apenas três foram avaliadas como pessimistas

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,

Um estudo realizado com especialistas ligados a diversos setores da economia cearense, referente aos meses de setembro e outubro, apontou otimismo em relação ao quadro econômico futuro e ceticismo quanto ao comportamento presente das variáveis econômicas.

Das nove variáveis analisadas, seis apresentaram avaliação otimista e três pessimistas. De acordo com o Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE), a percepção geral no bimestre melhorou 4% na comparação com o bimestre anterior (102,8 pontos) enquanto a expectativa futura atingiu 124,6 pontos, alta de 6,8% na mesma comparação.

"O fato de termos seis das nove variáveis avaliadas com otimismo é significativo. A gente tem um cenário internacional com previsão de crescimento neste ano e no ano que vem, a nossa taxa de inflação está caindo, bem como a taxa de juros que iniciou um ciclo de redução. O câmbio também vem caindo. Então, essas avaliações estão alinhadas com o que está por vir", diz Ricardo Eleutério, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE).

Bimestre

O resultado geral do bimestre foi o melhor dos últimos 14 meses e com relação ao futuro, no entanto, o indicador ficou abaixo do registrado no bimestre de maio e junho, quando atingiu 126,1 pontos. A pesquisa, realizada pela Fecomércio-CE em parceria com o Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), pontua as variáveis analisadas de zero a 200 pontos. Abaixo de 100 pontos configura-se uma situação de pessimismo e acima desse valor, otimismo.

Variáveis

Das seis variáveis analisadas com otimismo estão: cenário internacional (135,3 pontos), taxa de inflação (129,4 pontos), taxa de juros (114,7 pontos), taxa de câmbio (112,3 pontos), evolução do PIB (110,3 pontos) e gastos públicos (106,4 pontos).

O estudo ressalta que pela primeira vez nas pesquisas deste ano a evolução do PIB é avaliada com otimismo. "Os gastos públicos também foram avaliados com otimismo, a PEC (241) do Teto (que estabelece um teto de gastos para o governo) mostra o esforço do governo em buscar o equilíbrio fiscal, o que favorece as expectativas", diz Eleutério.

Por outro lado, foram avaliadas com pessimismo o nível de emprego (89,2 pontos), a oferta de crédito (84,3 pontos) e salários reais (43,1 pontos), com a menor pontuação.

Segundo afirmou Ricardo Eleutério, as variáveis percebidas com pessimismo são decorrentes da deterioração da economia brasileira, que deve começar a mostrar sinais de recuperação no próximo ano.

"Mesmo no ano que vem, a expectativa é de que até o primeiro semestre o desemprego continue crescendo, porque o mercado de trabalho responde com algum atraso", afirma.

Crédito mais difícil

Além disso, devido aos altos níveis de inadimplência e de endividamento das famílias, Eleutério diz que deverá haver dificuldades de expansão de crédito. "Com relação aos salários reais, a inflação, mesmo menor, irá corroer poder de compra", diz.

Para a pesquisa, que está na sua 15ª edição, foram consultados 130 especialistas de setores da economia cearense como: indústria, agricultura, setor público, mercado financeiro, comércio e serviços. Entre os participantes estão economistas, empresários, consultores, executivos de finanças, professores universitários, pesquisadores, analistas e dirigentes de entidades.

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