Economia e seca afetam comércio de flores

A queda da demanda por esses produtos, sobretudo devido ao momento de crise, tem afetado a produção

Escrito por Redação ,
Legenda: Fabricantes do Ceará estão usando recursos na produção para fugir da seca
Foto: FOTO: SILVANA TARELHO

O Dia dos Namorados, comemorado no próximo dia 12 de junho, costuma ser de grande importância para a movimentação do comércio. Neste ano, no entanto, os floricultores não veem a data com empolgação. No Ceará, o setor tem enfrentado grandes dificuldades provenientes da seca, que afeta diretamente o cultivo de flores. A situação é agravada, ainda, pela crise econômica no País, que tem reprimido os gastos da população.

Márcio Maradona, gerente-geral da Reijers, empresa de cultivo de flores do Estado, acredita que apesar do longo período de estiagem que tem impactado o setor de floricultura, a maior dificuldade tem sido a queda da demanda por esses produtos, sobretudo devido ao momento de recessão econômica.

"A situação está mais complicada no mercado do que na fazenda, porque nós conseguimos utilizar algumas estratégias para que a falta de água não prejudique o cultivo, mas já o mercado não está conseguindo absorver a produção". A construção de poços profundos e a captação da água da chuva são alguns recursos utilizados pelo setor para amenizar o efeito da estiagem e manter a produção estável. Já Gabriela Selbach, diretora comercial da CeaRosa, que também atua no cultivo de flores na cidade de São Benedito, conta que o volume de rosas que serão direcionadas ao mercado para o Dia dos Namorados provavelmente não superará o que foi fornecido para o Dia das Mães.

Um dos fatores que levará a isso será o ciclo de crescimento das flores que, segundo Gabriela, demora de 45 a 50 dias, intervalo maior que o período entre o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. "Não seria possível produzir em grande quantidade para as duas datas comemorativas, então optamos por priorizar o Dia das Mães", afirmou ela. Além disso, para a diretora comercial, as pessoas estão acreditando cada vez menos na data. "Talvez esteja faltando romantismo", disse.

Varejo

Os lojistas do varejo, todavia, parecem estar mais otimistas com a data comemorativa. Roberto Ito, gerente da floricultura Tomoe, espera superar as vendas do ano passado, que já foi 8% maior que em 2013. Tatiana Bezerra de Menezes, que recentemente montou a boutique de flores Luxo Natural, também estima que o Dia dos Namorados seja um sucesso para seu negócio. "Acredito que a mídia digital está estimulando essa cultura de dar flores de presente. Está em alta essa vontade de aproximar-se da natureza", destaca.

Iniciativa

Nos últimos 10 anos, a produção cearense de flores teve um elevado crescimento, principalmente devido ao programa de estímulo "Flores do Ceará" criado pelo governo que, além de incentivar os produtores locais, tem desenvolvido toda a cadeia de plantas e flores na região.

"Antigamente, eu precisava importar quase 70% das flores de outros estados, como Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. Hoje, é praticamente o contrário, importo cerca de 30%", afirma Roberto Ito.

Consumidores

Mesmo com as perspectivas pouco otimistas por parte dos fabricantes, há aqueles que garantem que comprarão rosas para suas namoradas no dia 12. O administrador Daniel Aguiar, por exemplo, costuma comprar flores em ocasiões especiais. "Querendo ou não, é um símbolo romântico, feminino, que traz um pouco de sentimento", diz ele. Já o engenheiro Felipe Ribeiro também afirma usar a flor como um diferencial. "É interessante para acompanhar outro presente, para dar um charme", ressalta.

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