Dólar recua de olho em reformas; Bolsa avança

Investidores ficaram atentos aos esforços do governo para aprovar propostas. Moeda caiu 0,30% ante o real

Escrito por Redação ,

São Paulo. Após fortes altas e o estopim da crise política com a divulgação de áudio com conversa entre o empresário da JBS, Joesley Batista, e o presidente Michel Temer, o dólar voltou a recuar, com investidores atentos aos esforços do governo quanto à tramitação das reformas trabalhista e da Previdência no Congresso Nacional.

O dólar comercial fechou o dia com desvalorização de 0,30%, para R$ 3,268. O dólar à vista, que encerra os negócios mais cedo, recuou 0,42%, para R$ 3,279. No exterior, a moeda americana se fortaleceu ante 20 das 31 principais divisas mundiais. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, fechou com alta de 1,60%, para 62.662 pontos.

Nesse dia de ajuste na Bolsa brasileira e correção no mercado de câmbio, as ações da JBS recuperaram parte da desvalorização de mais de 30% sofrida na sessão anterior e lideraram os ganhos do Ibovespa no pregão.

As ações da empresa chegaram a cair 12,2% e entraram em leilão algumas vezes ao longo do pregão, mas fecharam com alta de 9,53%, a R$ 6,55. No entanto, os papéis acumulam desvalorização de 42,3% no ano.

Apesar do aparente alívio no cenário doméstico, a instabilidade política ainda está no radar dos investidores. A avaliação é de que Bolsa e dólar devem continuar com forte instabilidade enquanto não houver um horizonte mais claro envolvendo o governo e a capacidade do presidente Temer aprovar as reformas.

"O mercado entrou em compasso de espera até 6 de junho, se não explodir nenhuma bomba até lá. O investidor é de curto prazo, então se a Bolsa subir um pouco ele vende, se cair muito ele compra", afirma Pedro Galdi, analista da Upside Investor.

No dia 6 de junho está marcado o julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da chapa Dilma-Temer.

Na visão de analistas, seria uma forma de resolver a questão política mais rapidamente. "Eu acho que o Temer não tem mais condições de tocar isso, e ele falou que não vai renunciar. Enquanto não houver clareza e os nomes que poderiam substitui-lo não forem apontados, o mercado vai continuar nervoso", diz.

Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, também projeta instabilidade nos mercados até uma definição do cenário político. "O mercado prefere uma saída para o Temer via TSE. O impeachment é visto como muito demorado. A eleição direta é difícil de acontecer, e a indireta demoraria muito. Então o TSE seria uma saída mais factível", afirma.

Intervenções do BC

Ontem, o Banco Central fez o último dos três leilões de novos contratos de swaps cambiais (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro). Com a atuação, o BC tenta reduzir a volatilidade no mercado cambial, após o dólar disparar 8% na quinta-feira (18) como reflexo da crise política que atingiu o presidente Michel Temer. O BC vendeu 40 mil contratos em cada um dos três leilões, no total de US$ 6 bilhões.

Além disso, manteve a intervenção diária e vendeu 8.000 contratos de swaps para rolagem dos contratos que vencem em junho. Dos US$ 4,435 bilhões, ainda falta o BC rolar US$ US$ 2,035 bilhões.

O CDS (credit default swap), medida de risco-país, recuou 2,45%, para 242,5 pontos.

Papéis

Além das ações da JBS, o dia também foi de ganho para outras 54 ações do Ibovespa. Só quatro encerraram o dia em queda. Os papéis mais negociados da Petrobras subiram 0,67%, para R$ 13,49. As ações da estatal que dão direito a voto se valorizaram 0,77%, para R$ 14,42.

O dia foi de alta também para as ações da mineradora Vale. Os papéis preferenciais da empresa subiram 0,64%, para R$ 26,58. As ações ordinárias avançaram 1,22%, para R$ 28,26.

"A China mostra resiliência, apesar de especulações envolvendo o mercado de crédito no país. Os números de produção e de atividade econômica chineses ratificam a manutenção da máquina deles rodando, o que ajuda na recuperação do próprio minério de ferro", avalia Aldo Moniz, analista-chefe da Um Investimentos.

Bancos

No setor financeiro, papéis de bancos fecharam no azul nesta terça-feira. As ações do Itaú Unibanco avançaram 1,58%. Já os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,67% e os ordinários, 1,02%. As ações do Banco do Brasil se valorizaram 1,65%. As units - conjunto de ações - do Santander Brasil tiveram ganho de 2,28%.

As exportadoras, que subiram na segunda-feira na contramão do mercado por causa da valorização do dólar ante o real, fecharam em baixa nesta terça. Os papéis da Embraer caíram 1,42%. As ações da Fibria perderam 0,40% e as ações da Suzano recuaram 0,87%.

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