Dólar comercial sobe 1,64% e supera R$ 2,45

A valorização já impacta nas transações da moeda nas casas de câmbio do Ceará e afasta os clientes

Escrito por Redação ,

Mais uma alta do dólar comercial, que ontem subiu 1,64% e fechou o dia cotado a R$ 2,4557 - o maior valor desde o dia 9 de dezembro de 2008, quando a moeda chegou a R$ 2,471 -, já começou a impactar o fluxo de transações da moeda nas casas de câmbio de todo o País. No mês, a alta acumulada foi de 9,68% e, no ano, de 4,17%.

No Ceará, não foi diferente. “Com essa guinada, hoje só está comprando quem tem viagem e compromissos fechados no exterior”, explica Havelange Silveira, gerente da Sadoc Câmbio e Turismo, onde a moeda americana foi vendida, ontem, a R$ 2,60, com aumento de R$ 0,08, por dólar, sobre o valor de venda de sexta-feira (26). Na compra, o valor fechou em R$ 2,48.

Efeito eleições

“Está todo mundo (consumidores) deixando para comprar na último hora. As pessoas estão receosas com os rumos da economia e com as eleições”, confirma o gerente de Câmbio da Tour Star Câmbio e Turismo, Felipe Andrade, que, ontem, fechou o dia com o dólar para venda a R$ 2,57 e para compra a R$ 2,45. Ambos avaliam que com a indefinição do cenário político e dos rumos que a economia pode tomar no ano que vem, muitas pessoas estão repensando a viagem ou reduzindo o volume de transações com a moeda.

Para o diretor de Varejo da Confidence Câmbio, Juvenal Marcelo dos Santos, “o motivo principal do pico (alta) do dólar é o fator político”, e ocorre, justamente, nos dias seguintes das datas de divulgação das pesquisas eleitorais, para presidente da República. “Isso gera um freio imediato (nos negócios)”, diz.

Ao fim da tarde de ontem, a Confidence Câmbio vendia a moeda americana, sem o IOF, a R$ 2,61, e comprava a R$ 2,33, em São Paulo, e a R$ 2,63 e R$ 2,31, respectivamente, nas lojas de Fortaleza. “A diferença de preços (entre uma cidade e outra) deve-se aos custos de logística e de custódia”, explicou Santos.

Fatores externos

Além dos fatores internos, como o aumento da inflação, retração continuada da indústria e no fluxo de investimentos estrangeiros no País, os gerentes das três casas de câmbio reconhecem que questões externas também vêm interferindo na elevação do dólar no Brasil. Nesse aspecto, eles citam a recuperação da economia norte-americana, cujo governo já sinalizou com o aumento dos juros e com cortes nos subsídios.

“Muitos investidores estão preferindo voltar a investir no mercado financeiro dos Estados Unidos, apesar das taxas menores, mas onde a segurança é maior”, acrescenta Santos. Para ele, o cenário futuro é indefinido, incerto, quanto aos preços, mas dificilmente irá voltar para o patamar de R$ 2,20, do passado recente. “Não trabalhamos com expectativa de baixa no curto prazo”, sinalizou o diretor da Confidence. “As taxas de juros nos Estados Unidos, a Ucrânia e Escócia têm influenciado o mercado cambial”, justificou, ontem, o ministro Guido Mantega.

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