Dólar chega a R$ 4,05 nas casas de câmbio

Ontem, a moeda subiu 2,06% e encerrou a sessão cotada a R$ 3,762, maior valor em 13 anos

Escrito por Redação ,
Legenda: O dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou a sessão com avanço de 1,95% sobre o real, cotado em R$ 3,746 na venda - também a maior cotação
Foto: FOTO: AGÊNCIA BRASIL

São Paulo. Preocupações com as contas públicas brasileiras e especulações sobre uma possível saída do ministro Joaquim Levy do cargo elevaram o clima de aversão ao risco entre os investidores ontem, e fizeram o dólar voltar a fechar no maior valor em quase 13 anos. A avaliação de analistas é que o quadro piorou depois que o governo entregou ao Congresso, nesta semana, uma proposta de Orçamento para 2016 prevendo déficit primário de R$ 30,5 bilhões.

A medida elevou o temor de que o País perca seu selo de bom pagador atestado por agências internacionais de classificação de risco. A perda forçaria grandes fundos a retirar investimentos que possuem no País, agravando o cenário econômico.

O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, fechou em alta de 2,06%, para R$ 3,762 na venda. Este é o maior valor da moeda desde 12 de dezembro de 2002, quando fechou cotado a R$ 3,790 (ou R$ 6,23 hoje, após correção inflacionária). Ao longo do dia, a cotação atingiu a máxima de R$ 3,773. Em Fortaleza, a moeda americana chegou a ser vendida a R$ 4,05, em espécie, na Confidence Câmbio, e a R$ 4,61, no cartão, na Fair Câmbio.

Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou a sessão com avanço de 1,95% sobre o real, cotado em R$ 3,746 na venda - também a maior cotação desde 12 de dezembro de 2002, quando valia R$ 3,791 (ou R$ 6,23 hoje). A moeda chegou a valer até R$ 3,756 durante o pregão.

Mercado em alerta

O mercado segue alerta em relação à nota de risco do Brasil, que está ameaçada pela crise fiscal no País. Na véspera, a analista Shelly Shetty, da agência de classificação de risco Fitch Ratings, sinalizou preocupação com o novo cenário das contas públicas para o próximo ano.

"Essas revisões (na meta de economia do governo para pagar sua dívida) colocam a tendência para obtenção de superávits primários muito abaixo do cenário - base usada pela Fitch em abril", disse. Na época, a agência havia revisado a perspectiva do rating brasileiro para negativa, mantendo a nota "BBB" - a penúltima classificação dentro da faixa considerada como grau de investimento.

Voltaram a abalar as mesas de operações rumores sobre uma possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A presidente Dilma Rousseff defendeu Levy ontem, afirmando que ele não está "isolado" ou "desgastado" dentro do governo.

Bolsa

O principal índice da Bolsa brasileira intensificou a alta na tarde de ontem, apoiado pelo bom humor nos principais mercados de ações no exterior, e fechou no azul. O Ibovespa teve valorização de 2,17%, para 46.463 pontos. Com o movimento, o Ibovespa devolveu parte da perda registrada nas últimas três sessões, quando acumulou desvalorização de 4,69%. Em Nova York, as Bolsas tiveram ganhos acima de 1,8%, enquanto na Europa os índices acionários fecharam em altas entre 0,1% e 1%.

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