Dívida de R$ 1 mil vira R$ 3,9 mil

O salto ocorreu em 12 meses. Aumento dos juros é tido como forma de proteção dos bancos para a atual conjuntura

Escrito por Redação ,
Legenda: Além do cenário de economia ruim, a Anefac aponta ainda, como fator de pressão sobre os juros do crédito, as sucessivas elevações da taxa básica, a Selic

Dados de levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), divulgados no dia 11 de maio, mostram que as taxas cobradas de pessoa física em abril subiram, mais uma vez, em todas as linhas de crédito, as mais altas desde 2011.O coordenador da pesquisa e diretor-executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribui a disparada dos juros a uma atitude defensiva dos bancos, diante do risco de aumento da inadimplência, derivado de um cenário econômico de inflação alta, aumento de impostos e juros elevados que reduzem a renda das famílias.

Além do cenário de economia ruim, Miguel de Oliveira aponta ainda, como fator de pressão sobre os juros do crédito, as sucessivas elevações da taxa básica de juros, a Selic, e a perspectiva de que continuem em elevação.

A pesquisa da Anefac constatou que o juro médio cobrado de pessoa física no crédito rotativo do cartão em abril ficou em 12,14% ao mês ou 295,48% ao ano. O do cheque especial foi de 9,74% ao mês ou 205,06% ao ano; e o do empréstimo pessoal em bancos, 4% ao mês ou 60,10% ao ano.

Juros desse tamanho engordam a dívida em tamanha proporção, que o devedor corre sério risco de inadimplência, pela quantia que pode chegar.

Riscos

Pelos cálculos de Miguel de Oliveira, quem espetar uma dívida de R$1 mil no cartão de crédito, turbinada por juro médio de 12,14% ao mês (295,48% ao ano), sem pagar nada no período, chegará ao fim de seis meses carregando uma dívida de R$ 1.988,67. Praticamente dobrando o valor inicial. Em 12 meses, a dívida acumulada pula para nada menos de R$ 3.954,82.Um cliente que pendurar uma dívida de R$ 1 mil no cheque especial por um juro médio de 9,74% ao mês (205,06% ao ano) e esquecer a conta por seis meses chegará ao fim desse período com saldo devedor de R$ 1.746,59, que acrescerá para R$ 3.050,56 depois de 12 meses. Em um empréstimo pessoal de R$ 1 mil financiado em seis meses com juro mensal de 4% ou 60,10% ao ano, o consumidor liquidaria a dívida pagando valor total de R$ 1 144,56 (seis parcelas mensais de R$ 190,76). Em financiamento de 12 meses, o valor total pago será R$ 1.278,60 (12 parcelas mensais de R$ 106,55).

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.