Diferença de preços entre ônibus e avião chega a 223%

Maior variação foi verificada para viagens partindo de Fortaleza com destino a Juazeiro do Norte, em fevereiro

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,
Legenda: Segundo especialistas, o brasileiro não deixou de viajar ano passado, mesmo com a crise econômica, mas continuam buscando passagens mais em conta, impulsionando o setor rodoviário
Foto: Foto: JL Rosa

Viajar de ônibus ainda é a melhor opção para o bolso do consumidor e, com a crise, ganhou adeptos. Em pesquisa realizada na última segunda-feira (16) em sites de buscas de passagens aéreas e terrestres na internet, foi constatado que o valor dos bilhetes para viagens de avião ainda são mais caros.

Para o período de 13 a 20 de fevereiro, os tíquetes de viagens aéreas com saídas de Fortaleza para Juazeiro do Norte, por exemplo, custavam, em média, 223% a mais em comparação com os preços de ônibus. Enquanto de avião o passageiro desembolsa, em média, R$ 418, com as taxas de embarque incluídas, de ônibus este valor cai para R$ 129. Mesmo para quem opta por poltronas com mais espaço, o preço ainda sai mais em conta, cerca de R$ 250 ida e volta.

Em trechos no Nordeste, com saídas de Fortaleza para Recife, Natal e Salvador, os valores também são considerados elevados. Das três cidades pesquisadas, a capital de Pernambuco e do Rio Grande do Norte apresentaram as maiores variações de preços. Para Recife, o consumidor paga cerca de R$ 493. Nas mesmas datas, é possível comprar passagens de ônibus por R$ 178, uma variação de mais de 176%. Para a capital potiguar, o preço de avião não sai por menos de R$ 324, já de ônibus, os passageiros desembolsam R$ 142, variação média de 130%.

Apenas Salvador tem a passagem aérea mais barata, se comparada com os trechos de ônibus. Para a capital da Bahia, o consumidor paga cerca de R$ 544 nos trechos terrestres, já os tíquetes aéreos custam R$ 356, cerca de 35% mais baratos.

Outras regiões

Nas viagens saindo de Fortaleza para São Paulo e Rio de Janeiro, os preços estão mais em conta via aérea. Para a capital paulista, os consumidores desembolsam cerca de R$ 827. Para o Rio, R$ 932. Em comparação com as passagens de ônibus, os valores chegam a ser mais caros, R$ 1.174 e R$ 1.172, respectivamente.

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As passagens aéreas para Belém e Brasília estão mais caras do que as viagens de ônibus. Para Belém, com taxas de embarque incluídas, os tíquetes custam R$ 672. Para Brasília, R$ 1.006. Os trechos terrestres para ambas as cidades estão mais em conta. Apesar da variação não ser grande, o viajante paga em torno de R$ 572 para Belém e R$ 919 para Brasília.

Compras pela internet

Segundo Cesário Martins, Co-CEO e fundador da plataforma de vendas online de passagens de ônibus ClickBus, o brasileiro não deixou de viajar ano passado, mesmo com a crise econômica. "As pessoas continuam procurando viagens mais em conta e o setor rodoviário não teve queda nas vendas. Pelo contrário, no ano passado, nós crescemos 190% em relação a 2015. Percebemos que as pessoas deixaram de andar de avião e optaram pelo ônibus", explica.

De acordo com ele, mais de 90 empresas de ônibus estão cadastradas na plataforma de passagens online. "O setor cresceu bastante, na faixa de 53% ao ano desde 2010. É um novo meio de comprar passagens, afinal é uma facilidade para o viajante", afirma o executivo da ClickBus. Martins diz ainda que cinco milhões de passagens foram vendidas de 2013 a 2016. Para este ano, ele garante que mais bilhetes serão comercializados.

"O mercado vai ser muito interessante em 2017. Nós estamos tendo um janeiro muito bom. Além disso, teremos muitos feriados e isso vai fazer com que as pessoas viajem mais", afirma.

Conforto

O executivo da ClickBus também reitera que as empresas de ônibus investiram mais em conforto e em produtos de qualidade. Para ele, essa modernização do setor atraiu mais viajantes.

"Há dois anos, não havia essa facilidade de comprar bilhetes de ônibus pela internet. Hoje já tem. Os consumidores querem qualidade e produtos baratos", finaliza Martins.

Desenvolvimento

De acordo com a Secretaria de Aviação Civil (SAC) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Ceará possui dez aeródromos operacionais. Mesmo assim, a aviação regional carece de voos regulares para o Interior. Segundo o coronel Paulo Edson Ferreira, assessor de Infraestrutura Aeroportuária do Departamento Estadual de Rodovias (DER), hoje, existem projetos de modernização e ampliação dos aeroportos administrados pelo Governo do Estado.

Entre os projetos, estão a ampliação de pistas de pouso e decolagem, construção de Terminal de Passageiros e Seção Contra Incêndio (SECINC), com parceria do Governo Federal, nos aeroportos regionais de Aracati, Camocim, Campos Sales, Crateús, Iguatu e Jijoca de Jericoacoara, e, ainda, a implantação dos Aeroportos de Itapipoca e Canindé, assim como o Novo Aeroporto de Sobral, em fase adiantada de projeto na SAC.

Nos dois aeroportos de importância turística para o Ceará, Jericoacoara e Aracati, também há projetos para viabilização de voos regulares.

No caso de Jericoacoara, cujo aeroporto fica na cidade vizinha, Cruz, está prevista, de acordo com o coronel Paulo Edson Ferreira, a conclusão até o fim de fevereiro do Terminal de Passageiros e Serviços e da Seção Contra Incêndios. O DER já havia informado que o terminal deve operar comercialmente a partir do mês de abril

"No que tange à implantação dos equipamentos de segurança e proteção ao voo, o processo licitatório para aquisição, implantação e homologação desses equipamentos já está em curso, com a expectativa de que até a primeira quinzena do mês de março do corrente ano já esteja certificado pela Anac e Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea)", informa o assessor de Infraestrutura Aeroportuária do DER.

Aracati

No caso do Aeroporto de Aracati, o Departamento assinou, em dezembro, convênio com a SAC, no valor total de R$ 2,5 milhões para a aquisição, implantação e homologação dos equipamentos de segurança e proteção ao voo, à semelhança do Aeroporto de Jericoacoara. "Isso permitirá a operação de voos comerciais regulares, utilizando aeronaves do tipo ATR 72/600, com capacidade de até 72 passageiros", completa o coronel.

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