Diário acompanhará evolução do valor de 20 itens básicos

Proposta é mostrar a evolução dos preços de itens fundamentais para a alimentação e higiene ao longo deste ano

Escrito por Redação ,
Legenda: Reportagem irá acompanhar, mês a mês, supermercados em três bairros
Foto: Foto: Waleska Santiago

O consumidor já sentiu no bolso a alta nos preços de produtos de consumo doméstico em 2014, ano que registrou a maior inflação desde 2011. Para 2015, as perspectivas também não são otimistas. Saberá controlar o orçamento familiar quem pesquisar de maneira eficiente os preços dos itens. E não será preciso percorrer supermercados muito distantes uns dos outros em Fortaleza para se deparar com diferenças de até 130,4%, no valor dos produtos comercializados.

Com a proposta de mostrar a evolução dos preços de itens fundamentais para a alimentação e higiene do consumidor cearense ao longo deste ano, o Diário do Nordeste dá início, nesta edição, à série Dança dos Preços.

A reportagem irá acompanhar, mês a mês, ao longo de 2015, os valores de 20 itens em supermercados da Capital cearense, situados em três bairros diferentes. Foram selecionadas para o levantamento, via pesquisa direta, os produtos de marcas encontradas com mais frequência nos estabelecimentos durante as primeiras visitas, realizadas na última terça-feira (27) e na quarta-feira (28).

Vilões

Neste primeiro momento, frutas e legumes demonstraram grandes variações de preços, com destaque também para a batata-inglesa, alimento que apresentou a maior diferença de valores (130,4%) nos supermercados visitados. Isso significa dizer que se o consumidor optar por comprar o quilo do tubérculo em um estabelecimento poderá encontrá-lo por até R$ 6,89 o quilo (kg). Entretanto, caso prefira adquiri-lo em outra loja, irá desembolsar apenas R$ 2,99/kg.

O pacote de um quilo da farinha de mandioca branca da marca Kicaldo foi o segundo produto que apresentou a maior diferença de preços. Enquanto em um dos estabelecimentos o alimento custa R$ 4,69, em outro supermercado o mesmo produto é vendido por R$ 2,09, representando assim variação de 124,4%.

Outro produto que merece a desconfiança do consumidor quando foi encontrado a preços muito elevados é a laranja pera, cuja variação de valor chega a 119,26%. Se o cliente optar por comprar o quilo da fruta por R$ 2,39, estará deixando de levar mais que o dobro da quantidade por esse mesmo valor, já que poderá comprá-lo em outro estabelecimento próximo por R$ 1,09 o quilo.

A banana prata, a maçã nacional e o tomate comum também são itens cujos preços valem a pena ser pesquisados com bastante atenção. A reportagem constatou que a diferença entre o maior e o menor valor encontrado para cada um desses alimentos é, respectivamente, 79,49%, 62,33% e 77,85%.

Menores variações

Dentre os 20 itens considerados na pesquisa, as menores variações de preço foram detectadas para o sabonete da marca Lux (90g), o coxão mole bovino (1kg) e o pacote (500g) do macarrão spaghetti com ovos da marca Fortaleza. O item utilizado para limpeza da pele não foi encontrado em um dos supermercados pesquisados, mas nos outros dois estabelecimentos foi observada a diferença de preços de apenas um centavo (0,87%).

A massa da marca Fortaleza foi encontrada por praticamente o mesmo preço nos três supermercados, tendo variado apenas 0,55%. O quilo do coxão mole bovino foi outro item que teve diferença de valor quase nula (0,04%) nos varejistas.

A reportagem entrou em contato com a Associação Cearense de Supermercados (Acesu) para obter explicações sobre as variações. Foi informado, contudo, que a diretoria da entidade está viajando e não houve retorno até o fechamento desta edição.

Dias de oferta e qualidade do produto fazem diferença

Há dois fatores básicos que podem explicar as grandes diferenças de preços ofertadas pelos supermercados cearenses: os dias de oferta de cada uma das lojas e os produtos de marcas cujos menores preços são buscados pelos varejistas. A avaliação é do ex-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu) e diretor dos Mercadinhos São Luiz, Severino Neto.

Segundo ele, que assumiu recentemente a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, há empresários do setor supermercadista que, estrategicamente, selecionam dias da semana diferentes de seus concorrentes para oferecer alimentos como carnes, verduras e frutas em oferta. Há também, conforme Severino Neto, o esforço de cada um deles em fechar preços mais baratos sobre diferentes marcas de produtos disponibilizados.

Desta forma, Neto exemplifica que o pacote de farinha de um determinado fabricante pode não ser ofertado a preços tão acessíveis por um supermercado, mas o consumidor certamente encontrará, no mesmo estabelecimento, um produto de outra marca sendo comercializado a um preço menor e bastante competitivo, explica o empresário.

Qualidade e tamanho

"Sem falar que, no caso dos hortifrútis, envolve a questão da qualidade. Batata (inglesa) é batata, mas existem diferenças. Há vários tipos de batata, selecionadas por qualidade e tamanho", afirma Neto. Conforme ele, o que diferencia os supermercados são os critérios adotados por cada um. "Todos os supermercados são competitivos, mas obviamente que alguns terão critérios melhores na qualidade de produto", defende. (MV)

Murilo Viana
Repórter

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