Despesas de janeiro pesam e freiam consumo

A pretensão de compra caiu a 29,1%, atingindo o seu pior patamar desde 2012, quando chegou a 28,1%

Escrito por Redação ,
Legenda: Os artigos de vestuário lideram a pretensão de compra do consumidor, com 24,8% das respostas dos consultados
Foto: Foto: Jessyca Rodrigues

Após abrir o ano com alta na confiança ante dezembro, o consumidor fortalezense começou fevereiro menos otimista. De acordo com a pesquisa de Confiança e Intenção de Compra do Consumidor de Fortaleza (ICC), divulgada ontem (8) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), o Índice de Confiança caiu 5,6% neste mês ante janeiro.

No mesmo sentido, a pretensão de compra do fortalezense teve queda significativa de 13,4 pontos percentuais em fevereiro, passando de 42,5% em janeiro para 29,1% neste mês. Este é o pior resultado do índice desde setembro de 2012, quando atingiu o patamar de 28,1%.

A queda no Índice de Confiança do Consumidor resulta da baixa de outros dois índices que compõem o indicador: o Índice de Situação Presente (ISP) apresentou retração de 5,3%, passando de 98,3 pontos em janeiro para 93,1 pontos em fevereiro. O Índice de Situação Futura também teve contração, passando de 114,3 pontos para 107,7 pontos, recuo de 5,8%.

Segundo o vice-presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, o consumidor priorizou as contas de início de ano como mensalidade escolar, IPTU e IPVA, o que acabou influenciando na maior cautela do consumidor quanto às compras.

Filizola também destacou que a questão política e, consequentemente, a econômica, tem forte influência nos resultados do Índice de Confiança do Consumidor. "Essa questão macro influencia bastante. Nós estamos com índice de juros bancários um tanto quanto altos e o crédito ainda está aquém do esperado pela população".

Para ele, a confiança caminha para um processo de retomada, entretanto isso irá depender das atitudes do governo federal daqui em diante. "Estamos em um processo de crescimento da confiança, claro que isso diz respeito ao governo não atrapalhar essa expectativa. Esperamos que haja contribuição nas ações na economia e em termos de posicionamento político para que essa confiança realmente possa subir", avalia Filizola.

A pesquisa aponta que a intenção de compra é superior entre os homens (29,5%), entre a faixa etária de 18 a 24 anos (39,2%) e com renda familiar superior a dez salários mínimos (49,9%). O valor médio de compras ficou em R$261,97 e os produtos mais desejados pelos consumidores são artigos de vestuário (24,8%), televisores (21,6%), aparelhos de telefonia celular (19,1%), calçados (18,6%), móveis e artigos de decoração (13,0%) e geladeiras e refrigeradores (10,1%).

Carnaval

A queda da confiança e da intenção de compra do consumidor fortalezense ocorre em um mês no qual alguns setores do comércio, como o de vestuário, recebem movimentação intensa por conta do Carnaval. "No Carnaval é aquecida a parte de vestuário e serviços, mas a nossa Capital em si não tem uma tradição forte da data", diz Filizola.

Para ele, o mês de fevereiro é preocupante para o comércio pela menor quantidade de dias. "Nós temos um mês com menos dias e mesmo assim as empresas tem um compromisso fiscal que não muda por causa disso. Menos dias implicam em uma rentabilidade menor e, se tem feriado, isso onera mais, então há setores que podem sofrer com isso".

Famílias

Apesar das quedas no índice de confiança e na pretensão de compra do consumidor, a pesquisa revela que 54,6% dos entrevistados acreditam que a situação financeira familiar está boa em relação ao ano anterior. Entretanto, 41,8% consideram o atual momento financeiro familiar ruim. Outros 2,2% e 1,4% a consideram a situação péssima e ótima, respectivamente.

Quanto aos 12 meses futuros, a expectativa dos consumidores sobre a situação familiar também se revelou boa para 64% dos entrevistados. Outros 21% têm expectativas ruins; 11,2%, ótimas e 3,7%, péssimas. Já a situação econômica do País nos próximos 12 meses será ruim para 50,2%, enquanto outros 39,4% acreditam que será boa.

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