Déficit da balança comercial do CE cresce 114,6%

Apesar do resultado, expectativa é que o Estado passe a registrar superávits mensais crescentes

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,
Legenda: Os produtos produzidos pela Companhia Siderúrgica do Pecém corresponderam a 50,36% do total enviado pelo Ceará ao exterior no trimestre
Foto: FOTO: HELENE SANTOS

As exportações cearenses somaram US$ 488,9 milhões no primeiro trimestre de 2018, o que representa uma queda de 6,75% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 524,3 milhões). Já as importações somaram US$ 612,3 milhões, no acumulado de janeiro a março, alta de 5,22% na comparação com os três primeiros meses de 2017.

Com o resultado, a balança comercial do Estado acumulou déficit US$ 123,4 milhões no trimestre, 114,6% acima do observado no ano passado (US$ 57,5 milhões). Apesar do resultado no mês e no ano, a expectativa é que o Estado passe a registrar superávits mensais crescentes, principalmente por conta do aço, a partir deste ano.

Considerando apenas março, o Ceará exportou US$ 152,1 milhões, menor volume desde junho de 2017 (US$ 140,6 milhões), e importou US$ 212,1 milhões, maior valor desde setembro (US$ 214,2 milhões). Ante março de 2017, as exportações registraram queda de 20,9% enquanto as importações caíram 15,7%. Já na passagem de fevereiro para março, as exportações recuaram 6,75% e as importações avançaram 3,23%. Com isso, a balança registrou um saldo negativo de US$ 59,9 milhões em março.

Segundo o economista e consultor internacional Alcântara Macedo, o resultado do mês e do trimestre reflete, em grande parte, incertezas provocadas pela taxação do aço importado pelos Estados Unidos, uma vez que o produto corresponde à metade das exportações do Ceará e os americanos são o principal destino dos produtos cearenses.

"Os rumores de sobretaxa do aço fizeram com que os compradores se recolhessem para esperar uma posição do governo americano. Desde então, eles retiraram o Brasil (da relação de países que seriam taxados), então acredito que isso será retomado, mas sempre há incertezas quanto às medidas adotadas pelo governo americano. De todo modo, o mercado é comprador do aço cearense, que é bastante competitivo no mercado internacional, e deve contribuir para superávits na balança do Estado ainda neste ano", avalia.

Exportações

De janeiro a março, as exportações de "produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado", produzidos pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), somaram US$ 246,2 milhões (50,36% do total enviado ao exterior). No período, os Estados Unidos foram o maior importador dos produtos cearenses, com US$ 134,8 milhões, o equivalente a 27,58% do total.

No primeiro trimestre deste ano, o segundo produto mais exportado pelo Estado do Ceará foram os calçados de borracha ou plásticos, com US$ 27,7 milhões (5,68% do total enviado ao exterior), seguido por "castanha de caju, fresca ou seca, sem casca", com US$ 26,4 milhões (5,42%); "Outros calçados cobrindo o tornozelo, parte superior de borracha, plástico", com US$ 21,0 milhões (4,30%); e "melões frescos", com US$ 18,2 milhões (3,74%).

"O Ceará é e continuará como um dos maiores exportadores de calçados do Brasil, e o setor é um dos que mais emprega no Estado. No entanto, esse é um produto leve que começa a competir com países da América Central", afirma. "Já a castanha de caju, que é um produto nosso, sofreu muito nos últimos anos, com a saída de empresas, mas mesmo assim deve continuar forte".

Macedo diz que, embora as exportações dos produtos tradicionais do Estado devam continuar crescendo, a tendência é que suas participações na pauta cearense percam espaço para os produtos siderúrgicos, petroquímicos, de pedras ornamentais e das demais indústrias que venham a se instalar na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará).

Do lado das importações, o principal produto da pauta cearense no primeiro trimestre foi a hulha betuminosa, não aglomerada, com US$ 157,9 milhões (25,79% do total), usada tanto pela CSP como nas térmicas. Em seguida aparece o gás natural liquefeito (GNL), com US$ 93,8 milhões (15,32%).

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