Creci-CE critica recursos da casa própria travados

Conselho espera, entretanto, que o teto do financiamento imobiliário volte ao patamar de 80%

Escrito por Redação ,
Legenda: A Caixa havia reduzido o teto de financiamento para imóveis usados de 80% para 50% em setembro deste ano
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Após a Caixa reduzir de 80% para 50% o limite de aporte financeiro para a compra do imóvel usado em setembro, o sonho da casa própria se tornou pesadelo para muitos consumidores que tinham se programado para pagar somente a entrada mínima exigida, conforme a regra que vigorava antes. Com os processos parados e os compradores correndo o risco de perder o imóvel, entidades do setor se manifestaram contra a decisão da Caixa em um momento no qual o mercado imobiliário consegue finalmente voltar a vender e espera, aos poucos, se livrar do fantasma dos distratos.

Na avaliação do presidente em exercício do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), Tibério Benevides, as mudanças representam um retrocesso, levando em consideração "que todos os indicadores da economia são positivos".

"É um retrocesso que a gente tenha essa redução, que vai retrair ainda mais um setor que gera renda e emprego. O mercado imobiliário já está se articulando, no caso as entidades, como o Cofeci e os Creci's com a Caixa Econômica Federal e o nosso posicionamento contra, no sentido de que essa redução seja temporária, circunstancial e não dure mais do que um mês", destacou Benevides.

'Esperança'

Entretanto, na avaliação do presidente em exercício do Creci, a Caixa deve voltar a financiar 80% do imóvel novo no ano que vem. "É a nossa esperança", diz. "Acho que aqui no Ceará ninguém chegou a perder imóvel, porque as próprias construtoras tentam achar a solução, elastecendo o prazo... Para não ocorrerem os distratos, porque é prejuízo para quem compra e é ruim também para quem vende".

A Caixa Econômica anunciou na última terça (7) a liberação de R$ 8,7 bilhões para destravar contratos de crédito imobiliário até 30 de novembro estagnados por falta de recurso. "Com essa suplementação, a Caixa garante recursos suficientes para normalizar o ritmo de contratações do Programa Minha Casa Minha Vida para famílias com renda familiar bruta mensal de até R$ 4 mil", informou a estatal em nota.

O travamento de recursos atingiu não só quem esperava ter 80% do imóvel financiado e se deparou com o novo teto, de apenas 50%. Compradores e vendedores que haviam recorrido ao banco para contar com o financiamento na hora de fazer negócio se viram em uma situação complicada: o crédito era aprovado, mas o recurso não era liberado.

Em alguns casos, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) do consumidor chegava a ser retido, mas o financiamento ficava travado, o que impedia o comprador de fazer alguma outra movimentação.

FGTS

O presidente em exercício do Creci-CE atribui a problemática à falta de recurso da Caixa em decorrência da robusta retirada de dinheiro do FGTS, uma das principais fontes de recurso para o segmento habitacional. "Como nós tivemos altos níveis de desemprego, o FGTS deixou de arrecadar. Entretanto, o mercado está ficando reaquecido e a economia e política estão cada vez mais desatreladas", diz.

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